Naquele dia um grupo seleto de homens receberam caixas e mais caixas de presentes, vindas, geralmente, entregue por uma moça de boné cobrindo quase todo o seu rosto e que não dava maiores explicações sobre a origem da entrega, deixava o produto e desaparecia. E todos aqueles homens recebiam sempre o mesmo presente um saquinho com um pó branco e uma cartinha que explicava o porquê daquela correspondência.
Prezado Fulano,
Durante muito tempo em sua vida, você tratou as mulheres como simples objetos ou coisa pior ainda, mas é chegado o momento da vingança e a partir de hoje você vai começar a se arrepender de tudo o que fez. O pozinho branco que você recebeu não é o que podemos chamar de legal, entende, se a Polícia entrar agora em sua casa, você provavelmente iria em cana sem direito a fiança e ficaria um bom guardado. Então, não seja estúpido, leia essa carta até o final. Não adianta querer se livrar desse saquinho, eu tomei a liberdade de espalhar dentro de sua casa um número grande deles, todos os saquinhos estão bem escondidinhos e só mesmo uma revista muito bem detalhada da Polícia poderia encontrá-lo. Estou certo de que você está pensando em colocar toda a sua casa de pernas para o ar em busca desses pequenos saquinhos, tome cuidado, porque é bom você ter certeza de que tirou todos eles, senão corre o risco de algum ter ficado para trás e qualquer um sabe os anos de cadeia que esse pozinho branco pode dar. O mais sensato é que a partir de hoje você faça tudo o que eu lhe disser. Pra começar temos um encontro marcado, para Sábado que vem, às dez horas da noite na Rua Saldanha Pinto, 75, estarei esperando você ansiosamente.
Ah, pensar em não ir não é uma boa ideia, já que se não aparecer nesse local na hora marcada, às dez e cinco a Polícia estará invadindo a sua casa por conta de uma denuncia anônima.
Até o nosso encontro.
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- Agora eu não sei o que faço – disse Rodolfo encarando o amigo numa lanchonete.
Carlos cocou a cabeça, também não fazia ideia do que aconteceria ao amigo, mas ele que se danasse, não tinha ferrado com a namoradinha por conta de dívida de drogas, agora que pagasse, se isso fosse realmente coisa dela.
- Você tentou falar com ela? Quer dizer, você tem certeza de que isso é coisa dela?
- Absoluta, essa mina me expulsou da casa dela. Ela está realmente muito brava com tudo o que aconteceu e não vai me perdoar antes de acabar com minha vida.
- Convenhamos que você bem que merece. Você foi muito cachorro.
- Eu sei que não agi corretamente com ela, mas era isso ou aqueles caras tinham me matado.
- Mesmo assim, isso não justifica o que você fez? E agora você vai a esse encontro?
- Eu não tenho opção tenho que ir. Só não faço ideia de onde fica essa Rua Saldanha Pinto.
- Saldanha Pinto? Se não me engano é no final da cidade, perto do cemitério... Não tenho certeza.
- O que será que essa mina vai aprontar?
- Não sei não, mas acho que boa coisa não deve ser. Prepare-se.
Rodolfo estava aflito, embora soubesse que Natália não tinha poder suficiente para conseguir fazer-lhe algum mal, lembrou-se de que ela havia comentado, certa vez, que tinha um primo em cana por assassinato de duas pessoas. E se ele estivesse livre e ela o pagasse para se livrar dele, ali, perto do cemitério, seria um ótimo lugar, se a rua fosse realmente lá, Rodolfo estava certo de que poderia esperar uma retaliação grande e terrível, temeu por sua vida. Teria que se preparar para tudo o que pudesse acontecer naquele lugar. Sabia que Natália estava certa em querer se vingar, mas não se permitira morrer por conta disso. Isso não, jamais. Se ela quisesse partir para coisa séria ele estaria preparado.
continua...
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