Dona Marta estava com todos os papéis prontos. Natália entrou na sala ainda enfurecida pelo comentário do patrão.
- Dona Natália – disse-lhe Dona Marta – Sinto muito pela demissão.
- Não sinta, foi a melhor coisa que me aconteceu na vida, eu não aguentava mais conviver com esse velho insuportável.
- Tenho inveja de você, por você poder mandá-lo para o espaço. Juro que isso é o que eu mais queria na vida...
- Eu entendo – comentou Natália sentando-se.
- É só assinar esses papéis e pronto.
- Mas e o exame demissional? Não vou ter que fazê-lo?
- Ah, não, é só assinar esse daí que o patrão compra por dúzia de um doutorzinho sem-vergonha.
- Isso não vai dar rolo?
Natália assinou a papelada de olho nos números impressos, ansiosa por saber quanto iria levar. E sentiu-se mais confiante quando viu que só o acerto de contas quase pagava a cirurgia, era só colocar mais um pouquinho de suas economias e pronto, estaria pronta com seus peitões.
Quando saiu da sala de Dona Marta, Natália sorria como uma criança que tinha dinheiro para comprar doces. E não perdeu tempo, foi direto à clínica do Doutor Nogueira. Entrou. A secretária dos peitões naturais que levantavam dúvidas a atendeu com um sorriso sem graça como quem dizia “eu não esperava que você voltasse”. E a peituda resolveu tomar uma posição de indiferença para ser mais educada.
- Sim, no que posso ajudá-la.
- Eu estive aqui ontem. Lembra-se?
- Ah, minha querida, é que passa tanta gente por aqui num só dia... desculpe-me - alegou a secretária que sabia perfeitamente que durante o dia anterior apenas Natália e uma outra mulher entraram por aquela porta e a segunda pensou que ali fosse um consultório odontológico.
- Eu vim marcar a minha cirurgia.
- Não acredito... quero dizer.... que bom! O doutor Bernardo Nogueira é o melhor cirurgião plástico de toda a região. Tenho certeza de que você vai amar os seus novos seios. Sente-se querida, vou preencher algumas fichas.
A secretária sentou-se e começou a perguntar tudo sobre a vida de Natália, principalmente se referindo a sua saúde. Quando acabou Natália já estava impaciente, pois havia se passado mais de meia hora.
- A senhorita pode vir amanhã para fazer os exames, se tudo der certo, até o final de semana estará com os seus perfeitos, lindos e grandes seios.
- É bom mesmo, porque eu estou com pressa.
- Fique tranquila que aqui as coisas são muito ágeis.
Natália saiu do consultório toda prosa, feliz consigo mesmo. Não se importou com o fato de ter gasto praticamente todo o dinheiro que tinha, afinal uma mulher com autoestima é uma mulher completa. Não quis pegar o ônibus, chamou um taxi. O motorista era um velho careca que ficou olhando-a pelo retrovisor. E enquanto o velho tentava enxergá-la ela pensava consigo mesma:
- Se está me olhando dessa forma hoje, imagina quando eu tive com os meus peitões?
Desceu do taxi na porta de sua casa. Sua mãe estava na sala, como sempre, assistindo televisão. Mas havia alguém mais. Estranho! Nunca recebiam visitas. Ao entrar na sala foi que seu coração disparou, o sangue ferveu e ela gritou;
- O que esse cara está fazendo aqui? Fora da minha casa, já.
Continua...
Um comentário:
"Por que parou, parou por que?" kkkkk
Bressane, fiquei sesapontada. Como vou dormir hoje? Quem está na sala???
Beijo!
Mara Nobre
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