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terça-feira, 3 de março de 2009

A mulher que odiava os homens - 2- mulher de atitude

Quais são os quesitos fundamentais para uma mulher se tornar linda e perigosa? Já se foi o tempo em que a mulher era apenas um objeto na mão dos homens, hoje ela tem que ser a voz soberana dentro e fora dos lares, pelo menos era nisso que Natália acreditava naquele momento. A mulher forte, a mulher dominadora. A Natália coitadinha, magrinha, simpaticazinha, morrera, agora, em seu lugar, surgia a perigosa Natália Boufarat. Que nome poderoso! Nunca se dera conta do sobrenome forte que tinha. E pensar que o Rodolfo fizera o que fizera? Ela dando uma de pobrezinha, esperando que o caráter e a dignidade daquele pulha falassem mais alto. Uma coisa afirmava a si própria, homem nenhum tem palavra, a mantêm ou, simplesmente, se esforça em mantê-la. Ela, agora, queria brincar de fazer homens de bobos, assim como fizeram com ela a vida toda.
Decidida passou pelo segurança da empresa, o Júlio, que sempre a achou muito simpática. Mas naquele dia ela não o cumprimentou, estava vestida de forma nada comum. Vestido curto, cabelos soltos... Estava diferente! Muito diferente! Ele não saberia precisar se para melhor ou pior, mas que estava diferente, estava.
Ela entrou decidida rebolando uma bundinha murcha. Pobrezinha! Parecia uma tábua de passar roupas vendo-a por trás. Ele riu enquanto ela passava, mas isso não passou despercebido à vingadora, perseguidora de homens. Ela voltou-se para ele.
- Do que você está rindo?
- De nada- respondeu tentando se recompor. – É que você está diferente, hoje.
- Eu não estou, eu sou. A partir de hoje nem ao menos me chame por Natália, sou, agora, a Senhorita Boufarat, B-o-u-f-a-r-a-t, Boufarat. Espero que o senhor tenha entendido.
- Claro – respondeu deixando um naco de sorriso sair pelo canto da boca.
Natália virou-se fazendo os cabelos esvoaçarem e partiu decidida para a primeira parte do seu plano.
Parou antes de bater na porta do escritório de Senhor Oswaldo. Ajeitou os cabelos, retocou o batom, fez o vestido assentar melhor e bateu suavemente na porta. Será que o velho tinha ouvido? Tornou a bater, dessa vez com mais força. Uma voz rouquenha partiu de dentro do escritório.
- Entre.
Sentiu-se fraquejar por alguns instantes, mas recuperou-se rapidamente. Abriu a porta. Oswaldo estava sentado, rodeado por papéis, o telefone na orelha. Viu o espanto em seus olhos quando se deparou com ela naqueles trajes. Eles estavam acostumados a vê-la sempre de jeans surrados, camisetas largas, cabelos presos. Agora conheceriam todo o poder de sedução da Senhorita Boufarat. Ela entrou rebolando a bunda que não tinha. Não esperou ser convidada, sentou-se diante do patrão. Vendo o espanto do velho, adquiriu confiança. Aquele, também, era um dos homens que estavam em sua lista – safado, casado, vivia trazendo suas amantes para dentro do escritório para fazer sabe-se lá o quê. Mas isso iria acabar. Esses deslizes poderiam muito bem ser sua arma contra o patrão.
 - Quer saber – dizia o patrão ao telefone. – Pegue a sua mercadoria e enfia no... Acho que você sabe muito bem o que fazer com ela.
Natália assustou-se. O homem bateu o telefone no gancho com muita raiva e ela teve a impressão de que ele conseguira quebrar o aparelho.
- Sim, Dona Natália.  – disse o velho enquanto mexia em seus papéis sobre a mesa fungando de raiva.
Natália sentiu-se gelar. Como deveria iniciar a conversa? Não poderia ser grosseira, senão espantaria o homem; não poderia ser muito educada, corria o risco de parecer boba. Ia direto ao ponto ou não? Olhou o semblante franzido do patrão. Era certo que aquele não estava sendo um bom dia para ele. Imaginou a reação do homem caso ela fosse direto ao assunto. Ele estava irritado, o assunto tinha que ser abordado de forma mais amena senão ele iria espanar fácil. Por um instante não teve certeza do que queria realmente. Ponderou e disse:
- Senhor Oswaldo, quero lhe pedir um grande favor.
- Sim.
- É um pouco complicado.
O velho não tinha nem ao menos se dado ao trabalho de erguer a cabeça e olhá-la. Continuou mexendo em seus papéis quase como se Natália não estivesse ali. De repente ele rasgou um papel de forma brusca e Natália deu um pulo na cadeira. Não adiantava ficar enrolando, tinha que ir direto ao assunto.
- Senhor Oswaldo, quero que o senhor, se puder, mande-me embora. Despeça-me.
O velho a encarou. Natália era uma funcionária realmente eficaz e nem tinha lhe passado pela cabeça perdê-la de uma hora para outra. Não poderia permitir que isso acontecesse. A sua empresa não tinha como arcar com o prejuízo gerado pela ausência daquela mulher.
- Nem pensar, Dona Natália. Eu não mando ninguém embora assim, só o faço quando o sujeito não vale nada e não quando ele quer. Não.
- Mas, Senhor Oswaldo, é um caso muito sério.
- Nem pense, ponto final.
- Acho que o senhor não está entendendo. Minha mãe, o senhor conhece, Dona Catarina...
- Sim.
- Então, ela está muito doente, precisa fazer uma cirurgia que custa mais de três mil Reais e eu não tenho de onde tirar essa grana a menos que o senhor me mande embora.
- E o que eu ganho com isso?
Natália cruzou as pernas elegantemente.
- Sinceramente não sei, mas acho que é a satisfação de ter feito o bem.
- Bem? Eu lá sou homem de ficar por aí fazendo o bem. Eu gosto de lucrar com tudo o que faço.
- Mas, Senhor Oswaldo é questão de vida ou morte.
- Sinceramente, Dona Natália, acredito que não há nada que posso fazer. Agora volte ao seu trabalho e tira esse batom da boca, está ridícula, eu nunca a vi tão mal vestida como hoje.
Natália engoliu em seco para não encher o patrão de pancadas. O negócio era apelar. E lançou a sua apelação:
- Já que o Senhor quer do jeito difícil...
Continua...





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