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domingo, 1 de março de 2009

A mulher que odiava os homens - 1- a mulher que sonhava com príncipes e beijava sapos

Era o tipo de mulher que sonhara com o príncipe encantado, mas só encontrara sapos que a desencantaram.
Tanto sapo beijara, engolira, regurgitara, que cansada resolveu virar a mesa. A partir daquele dia não iria mais querer homem algum em sua vida, mandando em seu coração. Viveria uma vida de castidade suprema, afinal, pouquíssimas vezes sentira algum tipo de prazer, portanto não sentiria saudades daquilo que não conhecia direito.
O momento de dar um basta, o ponto final. Todo o mundo a fizera de boba. Seus irmãos a faziam de boba, seu pai, seus primos, seus amigos, seus namorados, enfim, todo homem na face da terra tinha a maldita mania de fazê-la de idiota de alguma forma ou de várias formas.
Naquele dia ela se olhou no grande espelho do seu quarto. Não era uma mulher feia, isso não, tinha era uma maldita cara de tonta, podia até mesmo ver as letras estampadas em sua testa, todas em maiúsculo, em neon, piscando – TONTA. E tinha que concordar que era mesmo. Depois do que o Rodolfo fizera com ela, aprendera a lição - nunca mais serviria de objeto para homem algum, o seu ideal, agora, seria viver a castidade inegável da alma e do espírito e dedicar-se a fazer com os homens pagassem pelas inúmeras vezes que a fizeram de tonta, ou que fizeram alguém de tonta. Sim, ela vingaria todas as mulheres do mundo que foram feitas de bobas por algum homem, em alguma época de suas vidas. Seria a vingadora. O tormento dos imprestáveis e ordinários seres do sexo masculino que destratavam a mulher, crentes numa superioridade que não existia.
Encarou o seu rosto no espelho. Embora estivesse pronta para mudar o mundo sua aparência era das piores. Jeito caipira, cabelos maltratados, sorriso sem graça. E os peitos? Cadê os seus peitos? Tinha dois biquinhos de seios que despontavam por baixo da blusa. Quando tinha onze anos e viu aquelas coisinhas nascendo, pensou que no futuro os teria grandes como o da prima Marcela. Mas qual o quê? Os seus, doze anos depois, eram tão ou quase iguais aos daquela época. Sentia vergonha de se despir diante de um homem, e, quando o fazia, tentava manter aquele seu velho sutiã dos encontros, aquele que tinha o melhor bojo, no lugar. Sentia-se mais confiante com o sutiã e não o tirava jamais. E quando seu parceiro insistia, ela desconversava, entretinha-o de outras formas fazendo com que se esquecesse de arrancá-lo. E assim, por anos a fio, houvera enganado uma boa dúzia de homens. E se eles soubessem? Nunca saberiam, jamais, são parvos e cegos.
Despiu-se completamente e o que viu no espelho não era bem o perfil de uma heroína, de uma vingadora. Precisava dar um jeito naquilo. Primeiro uma depilação... Estava horrível! Precisava tirar a sobrancelha, fazer a unha, tascar silicone naqueles peitinhos sem graça e, talvez, até mesmo um pouquinho na bunda, isso ajudaria. Mas como fazer isso era o problema, afinal não tinha dinheiro, o que ganhava mal dava para as despesas dela e da mãe. Como fazer? Claramente sua mente se abriu. Já tinha a solução.
Vestiu-se da melhor forma possível tentando ajustar uma roupa que valorizasse aquilo que não tinha. Disse adeus a sua imagem no espelho.
- Você nunca mais será a mesma. A mudança começa hoje, Natália.
Desceu do apartamento e parou um taxi. Não iria de ônibus, estava cansada de andar de ônibus, de passar a vida tendo que economizar centavos. Tudo seria diferente. Entrou no taxi.
- Para onde senhorita? - perguntou o velho motorista.
Ela disse o endereço. Enquanto o carro andava ela ajeitava a barra do vestido tentando ser sex. Ergueu-a um pouco. O motorista tinha olhado para ela pelo espelho interno, mas agora estava compenetrado na direção.
- O senhor é casado?
O motorista olhou-a pelo espelho interno com um grande sinal de interrogação na testa.
- Sou sim. Por quê?
- Curiosidade.
Ele voltou a prestar a atenção na direção. Que grande porcaria! Não conseguia chamar a atenção nem mesmo de um velhinho. Como poderia esperar grande coisa de seus planos?
- O senhor e bem charmoso! – lançou.
O velho a encarou e na primeira oportunidade parou o carro, virou-se para ela.
- O que foi, moça? Qual é sua?
- Nada. Só disse que o senhor é muito charmoso.
O velho virou-se e a encarou. Ele estava acostumado a levar e trazer prostitutas, mas nenhuma se valia de sua profissão para seduzi-lo. Aquilo o pegou de surpresa. O que diria sua esposa?E o pastor? E, pior, o que pensaria Deus? Ele abandonara a vida de orgia há muito e não seria uma magrela daquelas, que nem peito tinha, que iria desvirtuá-lo.
- A senhorita poderia por gentileza descer do meu taxi.
- Mas, Senhor...
- Ou a Senhorita desce ou eu chamo a Polícia agora mesmo.
- Mas...
- Se você está procurando cliente, pode apostar que eu não serei um deles – disse o homem sentindo-se triunfante. Vencera a tentação, estava orgulhoso de si mesmo.
A moça o encarou, abriu a porta do carro e desceu numa avenida movimentada. O taxi foi embora sem nem receber a corrida. Pensou em pegar outro taxi, mas desistiu, iria a pé. Enquanto tentava se equilibrar naquele salto alto ela refletia. O que fizera de errado? Como podia querer se vingar dos homens se era incapaz de despertar desejo até mesmo num velho careca, provavelmente casado há cinquenta anos? Esse não era o caminho. Mas não tinha problema, depois que colocasse em prática o seu plano, tudo seria diferente, o primeiro a pagar seria o Rodolfo e depois o mundo. Olhou para o relógio. Eram sete e meia da manhã. Apertou o passo, não queria chegar atrasada.

Continua....


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