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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Livro de um náufrago 11 – Tudo poderia ter sido diferente.


Eu não conseguia entender como Luana poderia ter desaparecido sem ter deixado vestígio. Aquilo me preocupava deveras. Enquanto eu voltava à minha barraca para fazer uma busca completa, sentia-me angustiado, desesperado. Que droga! Justamente no momento que estava rolando um clima entre a gente... Isso me martirizava. E se eu não a encontrasse o que aconteceria? 
Aproximei-me da barraca e não a vi perto da fogueira o que eu estava desejando que acontecesse. Procurei novamente dentro da barraca e nada. Fui até a fogueira, peguei um pedaço de pau queimando e com ele, acima da minha cabeça, saí iluminando o chão em volta da barraca a procura de algum rastro. Tinham vários, mas quem era eu para entender de rastro, eu não conseguia nem saber qual era o meu e qual era o dela. Mesmo sem entender para onde ir, adentrei a mata com o pau queimando sobre minha cabeça. Parei para escutar a noite, não conseguia encontrar nenhum barulho que pudesse identificar a presença de alguém a não ser o que vinha de onde estava o restante das modelos. Penetrei alguns metros dentro da mata, mas o fogo do pau tornou-se apenas uma brasa incandescente que não iluminava mais nada. Eu não sabia mais o que fazer.
Foi quando de detrás de uma árvore surgiu uma mão que me puxou. Dei um grito, se fosse filmado, garanto que comprometeria a minha masculinidade.
- Sou eu.
- Luana, sua louca! Que diabos você está fazendo no meio do mato?
- Acho que o peixe não me fez bem.
Mesmo tenso eu quase ri.
- Eu a procurei como um louco, fiquei pensando que você tivesse sido raptada por alguém, por algum bicho.
- Eu agradeço a sua preocupação, mas poderia me deixar mais alguns instantes sozinha?
- claro – respondi, tomando o rumo de volta a praia. Eu nunca poderia ter pensado nisso que ela estivesse no meio do mato curtindo uma diarreia. Voltei para o lado da fogueira rindo. A Brenda já estava se aproximando.
- Encontrou a Luana?
- Encontrei.
- Onde ela estava?
- Com problemas do estômago.
- Não acredito!
- Foi o que ela me disse.
- Só faltava essa. Ela está bem?
- Na medida do possível, sim.
Ela voltou para junto de suas amigas e eu pude ouvir todos elas rirem. Não precioso dizer que todo e qualquer clima que poderia surgir foi-se com a brisa. Eu não sabia nem mesmo o que dizer.
- Melhorou? – perguntei quando ela surgiu vinda do mato.
Ela simplesmente balançou cabeça.
- Acho que vou voltar para junto das meninas.
- Olha, não quero ser chato, nem nada, mas eu gostaria que você ficasse aqui.
- Por quê?
- Eu a emprestei a minha camiseta, agora estou ficando com frio. Juro que não tenho nenhuma segunda intenção, mas será que você não poderia dormir comigo na barraca, assim pelo menos nos esquentaríamos.
Ela me encarou como medindo aquilo que eu havia dito. É lógico que pensou que houvesse segunda intenção, sempre há uma segunda intenção quando o assunto é homem e mulher, mas, naquele momento, na verdade, eu estava mesmo era temeroso de passar frio durante a noite. Luana pensou alguns segundos depois respondeu:
- Tudo bem, mas se tentar uma só gracinha eu, além de quebrar a sua cabeça com um coco desses – disse apontando um coco no chão, ainda vou embora e não vou querer nem mais conversar com você.
- Tudo bem, pode ficar tranquila, você não terá trabalho.
A cabana era bem estreita, deitamo-nos um de costa para o outro, aquilo, lógico, deixou-me deveras nervoso, mas eu não conseguia pensar em nenhuma sacanagem, não quando me lembrava do que houvera acontecido a ela há muito pouco. Por isso foi fácil vencer a tentação e dormir.

continua amanhã


assista o vídeo
102 maneiras de olhar Fernando de Noronha 




Mundo Curioso


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Um comentário:

Mara Nobre disse...

Parabéns pelo "O livro de um náufrago..." Um enredo muito bom, narra com muita sensibilidade e emoção, pude sentir os sintomas de Luana... Ele dormiu, mas e eu? Eu sou aquela que não vou dormir pensando na continuação de "amanhã". Esta espctativa... Muito bom! Obrigada Nery pela indicação.
Mara Nobre

www.maranobre.com

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