O Monstro Ronda a Cidade, de Ivone Cardozo de Souza

Marcada por uma dicotomia metafórica, a narrativa de "O Monstro Ronda a Cidade", excelente obra da lavra de Ivone Cardozo, envolve o leitor numa singular aventura no mundo da ficção. Detentora de monstruoso talento, a autora lança um olhar caleidoscópico sobre a metrópole e, como num jogo, vai dando pistas da existência de um misterioso ser que, tal qual um fio condutor, perpassa todo o enredo e vai se diluir no inconsciente coletivo. A publicação apresenta uma síntese feliz da cidade de São Paulo. Dos contrastes dos lugares às diferenças de sua gente, nada escapa ao sagaz apontamento da narradora, que o faz à luz da sobriedade, mesmo quando transgride o espaço demarcatório dos gêneros. Tudo na obra tem sua razão de ser. Daí a necessidade de uma leitura despida de pressa, posto que uma história silenciosa excede a trama e se faz anunciar no aparente vazio das entrelinhas. Um livro merecedor de todos os encômios.

por João Nery Pestana/escritor e poeta

Sinopse de O Monstro Ronda a Cidade 

Dentro das estações do ano, numa grande metrópole, episódios inusitados acontecem todos os dias.

Esses acontecimentos, muitas vezes são tão normais que mal paramos para ter ciência do que acontece.

O monstro enquanto ser abstrato, funciona como uma espécie de telefone sem fio. Este ser, encontra-se na imaginação de cada um de nós e o mais intrigante é que muitas vezes, não nos damos conta disso.

Várias tentativas foram feitas por parte das autoridades competentes para encontrar o monstro. E por último, o detetive mais famoso do mundo é contratado para resolver este problema. Será que ele consegue?



Isso é o que vamos descobrir!


Trecho d'O Monstro Ronda a Cidade

Sem saber o que estava acontecendo, o juiz paralisou o jogo, não por causa da confusão da Mancha Verde - que nem havia percebido, mas porque apareceu no gramado uma sombra gigante, que mais parecia um monstro recém saído das cavernas, da época dos dinossauros. Esta sombra foi tomando dimensão maior que o estádio. O povo estava de boca entreaberta. A sombra parecia se dirigir diretamente ao juiz, este, por sua vez, deixou o apito soando sozinho e disparou no mundo a correr. Quando o povo viu que o jogo havia parado e o juiz dado no pé; tratou de correr também. A polícia tentou acalmar os ânimos e ordenar o povaréu para que saísse sem se machucar. Não adiantou. Os bombeiros e seguranças das autoridades tentaram também fazer a sua parte, mas não adiantou.

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