Vocês podem dizer o que quiserem, que sou cafajeste, que sou um safado, sem-vergonha e tudo o mais que tiver direito. Mas devo confessar que essa safadeza é tipicamente um comportamento masculino. Se vocês pensam que existe homem santo, devo alertar-lhes que o único homem Santo morreu há mais de dois mil anos crucificado, depois desse, já era, todos somos mortais pecadores, prontos para sermos engolidos pela luxúria, pelo desejo carnal.
Naquele momento em que despertei e senti que havia uma mulher ao meu lado, eu praticamente rezava para que não fosse minha esposa e, sim, a Fernandinha. Eu a queria, eu a desejava como nunca poderia imaginar que a desejava, eu queria sentir novamente o contato do seu corpo nu sob o meu, queria poder beijá-la e abraçá-la enquanto ouvia aquela sua voz doce e delicada e aqueles seus gemidos débeis. Como eu era um canalha! Lógico que sei disso, aquela presença feminina na sala escura havia me deixado perdido em meus desejos mais íntimos de sacanagem. Eu queria porque queria que tudo aquilo terminasse com uma noite inesquecível ao lado de uma mulher como a Fernandinha.
Não é que a Fernandinha fosse mais bonita, ou mais gostosa do que minha mulher. Não era isso, era pura e simplesmente o fato de que ela não me pertencia, portanto era muito mais excitante do que aquela que me pertencia. Eu podia sentir a respiração daquela mulher bem perto de mim, o cheiro não era o de minha esposa, então, só podia ser a Fernandinha, não era possível que eu tivesse alguma admiradora secreta que bastou saber que minha mulher não estava em casa para resolver adentrá-la e atacar-me. Levantei-me lentamente e sentei-me no sofá tentando enxergar os contornos do corpo que estava ali, já podendo sentir que era realmente a Fernandinha. Por mais que tentasse enxergar, nada conseguia divisar a não ser o contorno de um corpo feminino nu.
Tinha certeza de que aquela não era a minha esposa, ela jamais voltaria àquela casa sem um pedido claro, formal e público de desculpa.
A mulher não me deixou dizer nada e agarrando-me, beijou-me com empolgação. Eu retribuí, há quantos anos eu queria aquele beijo? Beijei-a enquanto deixava minhas mãos passearem pelo seu corpo. Ela o permitiu. E a coisa foi esquentando, esquentando, até que pegou fogo e eu tive que pegar aquela mulher em chamas e levá-la para a cama. Não acendi luz alguma, não havia mais a mínima dúvida de que era a Fernandinha. Mudos, fizemos amor. Quando acabou ela me abraçou e me beijou, encostou a cabeça em meu ombro e eu estava maravilhado demais para poder dizer uma só sílaba.
A mulher não me deixou dizer nada e agarrando-me, beijou-me com empolgação. Eu retribuí, há quantos anos eu queria aquele beijo? Beijei-a enquanto deixava minhas mãos passearem pelo seu corpo. Ela o permitiu. E a coisa foi esquentando, esquentando, até que pegou fogo e eu tive que pegar aquela mulher em chamas e levá-la para a cama. Não acendi luz alguma, não havia mais a mínima dúvida de que era a Fernandinha. Mudos, fizemos amor. Quando acabou ela me abraçou e me beijou, encostou a cabeça em meu ombro e eu estava maravilhado demais para poder dizer uma só sílaba.
Continuamos ali por um bom tempo, o fogo reacendeu. E consumidos pelo desejo repetimos tudo o que tínhamos acabado de fazer e fiquei imaginando que se aquela mulher não se levantasse dali e fosse embora, durante toda aquela noite nós nos amaríamos.
Como foi bom! Como eu havia dito, não é que fosse melhor ou pior do que com minha mulher, mas era algo diferente, aquilo era excitante. Ao terminarmos, pela segunda vez, novamente ela deitou a cabeça em meu peito. Eu queria dizer que aquela foi a melhor noite que tive em quinze anos, mas não quis tocar no assunto de que eu estivera com outra durante todo esse tempo e, agora, sem o mínimo de peso na consciência eu me deitava com a primeira louca que aparecia em minha casa. Lógico que ela não deveria e não iria entender isso, se caso ficássemos juntos, ela saberia que, da mesma forma que fiz isso com minha esposa, também poderia fazer com ela, e viveríamos uma relação de desconfiança e dúvida. E eu não poderia permitir que isso acontecesse.
- Eu te amo, não vou abandoná-lo nunca mais – disse-me ela num sussurro.
Abracei-a e ficamos por mais algum tempo deitados, eu nem queria pensar que naquele momento minha esposa estaria chorando no colo da mãe. Também, quem mandara ir embora? Não era nem bom pensar em minha esposa, senão haveria de por fim ao encanto daquele momento. Foi então que resolvi levantar-me para ir ao banheiro. Ao fazê-lo e bater a mão no interruptor, dei, espantado, com minha esposa deitada nua na cama.
Não sei se ela notou o meu olhar de decepção, de espanto, mas se notou, não disse nada. Levantou-se também e fomos para o banheiro. Eu rezava para que nunca na vida ela soubesse que naquela noite eu havia feito amor com a Fernandinha e não com ela.
No dia seguinte acordamos e foi como se nada tivesse acontecido. Minha esposa disfarçava que estava tudo ótimo.
Naquele mesmo dia, à tarde, depois do serviço, eu estava voltando para casa, meu celular tocou. Número restrito. Atendi.
- Pronto.
- Achei que você já tinha me esquecido.
- Fernandinha? O que você quer?
- Quero você.
- Não quer não.
- Quero sim, e vai ser hoje, vai ser agora. Estou esperando você aqui em frente ao clube.
- Eu não vou.
- Vai vir sim, senão vir vou ligar para sua esposa e dizer que você ligou para mim convidando-me para um motel.
- Você não faria isso.
- Não? Você não sabe do que uma mulher apaixonada é capaz. Até daqui a pouco.
Ela desligou o telefone em minha cara.
Não é de hoje que temos visto o que a paixão tem causado, separação, dor, choro, filhos drogados e morte. Eu não conseguia entender como a Fernandinha tinha coragem de jogar um jogo tão sujo como aquele, ameaçar-me daquela forma vil e canalha. Não era possível que ela estivesse falando sério, eu não podia acreditar que ela faria o que prometera, mas fiquei com medo, mais um escândalo como o do boteco e era certeza de que o meu casamento, dessa vez, iria ter um fim. Minha esposa não aceitaria uma nova luta contra aquela mulher. E, é claro, por mais que eu quisesse sair com a Fernandinha, eu não estava disposto a perder minha esposa por isso. Novamente numa sinuca de bico. Se eu fosse ver a Fernandinha e minha esposa ficasse sabendo, eu estaria frito; se não fosse, também estaria. Como escapar daquela situação sem prejudicar ainda mais meu casamento?
Continua amanhã.
Ontem no Facebook, Débora Gomes, uma leitora de Funchal, Portugal, e eu debatemos sobre a História de Como Sobreviver ao Lado de Uma Mulher. Achei o debate realmente interessante e resolvi postá-lo para que os leitores também pudessem lê-lo. Tomem seus partidos!
Continua amanhã.
Ontem no Facebook, Débora Gomes, uma leitora de Funchal, Portugal, e eu debatemos sobre a História de Como Sobreviver ao Lado de Uma Mulher. Achei o debate realmente interessante e resolvi postá-lo para que os leitores também pudessem lê-lo. Tomem seus partidos!
Débora Gomes bem.. estou viciada nessa história.. e odeio a Fernandinha.. e o Sujeito que descreve a história. Como é ele capaz de pensar em saltar à Fernandinha.. quando está numa situação destas.. que grande fdp ! QUE ÓDIO !
Débora Gomes É verdade que abandoná-lo foi drástico demais, mas a verdade é que ele estava a pedi-las, nem que fosse apenas pelo teor dos pensamentos.
Débora, obrigado pelo comentário e pelo debate.
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A verdade sobre o casamento
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2 comentários:
Bravo!!! Gostei da surpresa, no incio da leitura fiquei um tanto sobressaltada achando que era a talzinha, mas no decorrer da leitura me animei e vibrei, (risos). Bem feito pra ele, pensando q era a sirigaita da Fernandinha, quebrou a cara e ainda por cima, hummm... adorou! E sobre a ameaça dela, bem que ele mereceu, serviu de lição.Estou receosa com o próximo capítulo, oque será que vai acontecer, hein?Esse foi surprendente! Um abrço,Mirty
Devo admitir que já esperava que a mulher desnuda fosse a esposa. Era deveras provável que a escuridão tivesse o poder da imaginação e que a conclusão é que VER a pessoa a que estamos habituados é muito menos excitante do que vermos o fruto proibido.
Conclusão, ele nunca potenciou a relação íntima com a mulher porque nunca pensou vir a olhá-lha como o desconhecido.
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