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domingo, 7 de novembro de 2010

Um é pouco, dois é bom, três é traição 4

       IV
- Vou fazer alguma coisa para a gente comer. O que acha? Afinal a noite está só começando e você não vai sair daqui hoje.
- Você é louco? Tenho que ir embora e logo, senão meu pai manda dar busca e apreensão em mim.
- Não acha que está bem crescidinha para ficar com medo do papai?
- Pai é pai sempre. Só vou comer alguma coisa com você, depois vou embora e nem pense em me impedir.
- Tudo bem, mas achei que poderíamos ter uma noite de festa.
- Pode tirar o seu cavalinho da chuva que não vai ter mais festa por hoje, seu Alberto.
Dando-se por vencido Alberto foi para a cozinha e começou a preparar um sanduíche de qualquer coisa. O cheiro atraiu Soninha que ficara na cama. Ela veio enrolada no lençol, sentou-se à mesa.
- Não sabia que você tinha dons culinários.
- Na verdade não tenho mesmo, a única coisa que sei fazer é isso. Uma vez tentei fazer macarrão, o resultado não me animou muito a querer ser um cozinheiro.
- Você também não poderia ser perfeito – disse ela rindo.
E o jantar tinha tudo para transcorrer as mil maravilhas, mas será que terminaria assim?
*                                *                                         *
Como já havia sido narrado, Bruna foi chorar no colo da mamãe. Chorou até quase ao anoitecer, depois de ter se trancado no quarto de hóspedes. Perto das oito horas sua mãe veio lhe falar.
- Minha filha, precisamos conversar.
Bruna sentou-se na cama. Sua mãe olhou em seus olhos vermelhos de tanto chorar.
- Minha filha, você ainda ama seu marido?
- Claro que sim, mamãe, temos uma vida juntos e embora ele não tenha dado valor a isso eu dou e muito.
- Então minha filha a coisa não pode acabar assim. Ele errou, eu sei. Você mais do que ninguém saiu muito machucada dessa história, mas pense em tudo o que está jogando fora por conta de uma puladinha de cerca.
- Mamãe, não acredito que a senhora  está me falando isso.
- Minha filha, pense bem... os homens são assim... eles tropeçam muito  antes de aprenderem a lição.  Com o seu pai foi assim , ou você acha que aquele careca, filho da mãe, foi-me sempre fiel? Ele me traiu tanto que se eu fosse contar os galhos que tenho na testa levaria a noite toda, aquele safado...
- Não, mamãe, se a senhora está pensando que vou passar uma borracha em tudo e voltar como se nada tivesse acontecido está muito enganada... Algo se partiu aqui dentro e para isso não existe remédio... A confiança foi perdida... O que sobrará de um relacionamento assim, sem confiança?
- Mas Bruna, preste atenção.
- Eu stou entendendo aonde a senhora quer chegar... Mas já posso lhe adiantar que não, não quero e não vou admitir isso jamais.
- Pelo menos pense nisso. Vou lá para baixo e se você decidir que deve voltar naquilo que falou, vá hoje, não deixe para amanhã, poderá ser tarde demais. Um casal não deve dormir separado por nada nesse mundo, afinal vocês juraram isso na igreja... e outra, você vai deixar aquela sem-vergonha ganhar o seu marido assim? Ela vai rir da sua cara.
- Não é nem louca...
- Bem, pense no que eu lhe falei.
- Antes de sair apague a luz, quero tentar dormir.
Mas com a saída de sua mãe, ela não dormiu e, lógico, tudo aquilo veio-lhe a cabeça. Não conseguia pensar na possibilidade de poder voltar, seria humilhação. Como ficaria a sua cara depois de tudo aquilo voltar como uma cadelinha para os braços do homem que a desprezou? Não, tinha orgulho próprio. Se bem que aquela safada da Soninha precisava de uma boa lição, afinal com a sua partida aquilo significava que aquela vaquinha de presépio ganhara a guerra. Isso a incomodava... Entregar seu marido de bandeja a uma qualquer... Quer saber, sua mãe tinha razão, concluiu.
Resoluta, levantou-se da cama. Abriu a porta do quarto, passou por seus pais que estavam na sala. Seu pai tentou impedi-la de sair, mas ela nem lhe respondeu. Na rua procurou por um ponto de ônibus. Não gostava de andar de circular àquela hora, pior sozinha, mas, naquele momento, não pensou em nada a não ser chegar a sua casa e deixar a sua honra imaculada. 
O ônibus parou, ela entrou e, no caminho até sua casa, foi pensando em tudo o que havia acontecido entre eles. Viu-se, na verdade, como sendo muito dura, afinal ela também já dera suas puladinhas de cercas, certo que fora uma só vez em sua vida e duas quase puladinhas, mas isso contava... Ou seja, ela também não fora tão fiel assim para cobrar isso do marido. Pelo menos ela havia tido a dignidade de fazer isso num motel e não dentro de sua casa... Mas, é lógico, Alberto jamais poderia saber disso. Sorriu para si mesmo lembrando-se dos fatos que a levaram a ir parar num motel com um amante. Lembrou-se do embaraço para se despir, afinal o único homem que a vira nua fora o seu marido. No fim, também, a pulada de cerca fora uma porcaria. O cara era horrível de cama e ela passou vários meses pensando na porcaria que fez e não aproveitou.

Continua amanhã  

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