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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Saindo com a mãe de olho na filha - a história de um cafajeste 11

O conteúdo desse conto não é recomendado 
 para menores de 18 anos

       XI
O quarto estava bagunçado, como se houvesse passado por ali um furacão ou algo parecido. Procurei algum indício que denunciasse a presença de Manuela. Sobre a cama bagunçada algumas peças de roupa, da roupa que ela havia ido à chácara dois dias antes. Seu guarda-roupa estava revirado, roupas jogadas no chão, pedaços de frascos de vidros de perfumes quebrados. Era certo, houvera acontecido uma briga ali. E não pude deixar de me arrepiar pensando no desfecho daquela briga. Afinal, o que teria acontecido à Manuela? Revirei todo o apartamento em busca de algum indício que me revelasse o paradeiro dela, mas nada, nem a sombra de Manuela estava presente naquele lugar. Isso só aumentou a minha preocupação. Tranquei novamente a porta do quarto. Quando bati a mão na maçaneta da porta, ela abriu-se. Olga entrou completamente louca de fúria, acho que só não me pegou pelo pescoço, talvez pensando que eu poderia ser muito mais forte do que ela, ela não poderia se defender caso eu quisesse revidar o ataque.  
Ela me olhava, o seu ar gentil e simpático de antes, fora substituído por uma cara de psicopata. Ou era eu quem a enxergava daquela forma? Ela estava possessa.
- O que você está fazendo dentro do meu apartamento?
- Cadê a Manuela?
- No que isso lhe importa?
- Eu quero saber onde ela está ou vou chamar a polícia, agora.
- Pois pode me fazer esse favor, tem um assaltante que entrou em meu apartamento. Eles irão adorar pegá-lo ainda na cena do crime.
- Não seja intolerante. Cadê a Manuela?
- Eu lhe disse que vocês não ficariam juntos, não disse?
- O que você fez com ela?
- Nossa! Que acusação mais dura. Esqueceu-se de que sou a mãe dela?
- Conte-me o que fez com ela que lhe juro que vou embora e não volto nunca mais e nem ficarei com ela, só quero saber se ela está bem.
- É um pouco tarde para você se preocupar com isso, você não vai mais tornar a vê-la pode ficar tranquilo quanto a isso e, além do mais, Manuela estava se tornando uma vagabunda de mão cheia, eu tinha que por um fim a isso.
- O que quer dizer com pôr fim?
- Pôr fim significa simplesmente por fim, será que você não entendeu?
- Você matou a sua filha?
- Não seja estúpido!
- Então me diga o que fez com ela?
- Não lhe importa. Se quer o melhor para ela não a procure mais. Serei muito boazinha com você, vou deixá-lo sair sem ser escoltado pela polícia. Agora, se tentar entrar em minha casa novamente, juro que lhe processo, mando-lhe para cadeia. Esqueça Manuela e esqueça que um dia nos conheceu.
Sai sem engolir aquela história. Manuela tinha dezenove anos, não se deixaria levar pelas ideias da mãe com tanta facilidade. Alguma coisa estava errada. Entreguei a chave mestra ao Alceu, entrei no carro e voltei para minha casa. Como eu poderia descobrir o paradeiro de Manuela? Não podia ir à delegacia, não tinha provas que incriminassem Olga. Aquele quarto todo revirado não seria prova suficiente para incriminar ninguém e além do mais, assim que saí ela poderia ter arrumado tudo. Eu não via mais salvação, não conseguia enxergar nenhuma forma de solucionar aquele caso sem correr o risco de parecer um idiota.
Tornei a ligar no celular de Manuela. Dessa vez chamou três vezes e ela atendeu. Meu coração quase explodiu, finalmente eu conseguia falar com ela.
- Manuela? O que aconteceu?
- Mas é você de novo, Pedro? – perguntou-me uma voz que reconheci de imediato, não era Manuela, era Olga. – eu já não lhe disse para esquecer a minha filha? Ela não está mais disponível para ficar com você.
- Mas que merda, Olga! Diga logo onde foi que você enfiou sua filha.
- Se eu lhe responder juro que vou parecer bem sem educação.
E desligou o telefone em minha cara. Tentei ligar novamente, só dava sinal de desligado. Desisti, por fim, não havia forma de fazer com que falasse. Eu precisava de ajuda, precisava ir à polícia, era a minha única solução, mesmo que pudesse não ser levado a sério, eu tinha que tentar.
Na manhã seguinte, ao invés de ir trabalhar, fui a uma delegacia perto da Prefeitura. Entrei perguntando pelo Delegado. Ele se chamava Doutor Mateus. Convidou-me a entrar em sua sala.
- Sim, no que posso lhe ajudar?
- É um caso um pouco complicado, Doutor.
Contei-lhe toda a história, sem omitir nenhum detalhe, desde que conheci Olga até o dia em que Manuela desapareceu de minha vista.
- Veja bem, Senhor Pedro, o que diz realmente parece fazer sentido, mas ainda assim, os fatos não são suficientes para uma investigação oficial.
- Mas o senhor precisa fazer alguma coisa, Doutor.
- Não lhe prometo, mas vou investigar de forma não oficial, ver se descubro o paradeiro dela, descartando, é lógico, a possibilidade de sequestro ou assassinato, pois acho que nessa história isso é muito improvável de ter acontecido. Espere até amanhã irei fazer, eu mesmo, uma visita a Dona Olga e ver o que ela me diz. 
Crente numa solução voltei ao trabalho. Durante todo aquele dia fiquei pensando como iria terminar aquela história. Eu acreditava que Olga pudesse ter feito algo de ruim com filha, mas, ao mesmo tempo, não podia conceber a ideia de uma mãe usaria de meios violentos para resolver um empasse amoroso com a própria filha. 
No fim da tarde ligaram para a Prefeitura querendo falar comigo.  Atendi receoso. Era o Doutor Mateus.
- Pedro, você pode vir até a delegacia, agora.
- Sim, estou indo.
Fui correndo à delegacia. Encontrei um Doutor Mateus com cara de poucos amigos, não foi tão hospitaleiro como da primeira vez.
- Entre em minha sala, Senhor Pedro.



Amanhã tem mais 


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