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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Como Xavecar Uma Estranha e Se Ferrar de Verde e Amarelo 4

     IV
- Acho que atrapalhei seu sono. Se quiser voltar ao seu cochilo sinta-se à vontade.
- Oh! Não. Nossa conversa está tão interessante.
Ponto para mim novamente. Ela está cada vez mais a fim de descobrir quem sou, não em ter uma aula sobre símbolos. Isso facilita as coisas. Mas há algo dentro de um circular que nos limita – o fato de não se saber em que ponto ela irá descer. Se descer na hora errada... Pode-se dizer adeus a um encontro. Não tem número de telefone, nem nada. Urge fazer algo. Desespero.
- Se quiser eu tenho alguns livros que falam sobre simbologia. Um livro realmente muito interessante. Se gosta desse assunto irá gostar de lê-lo.
- Seria realmente muito legal, mas não vejo como posso.
- Por quê?
- Ora, como vamos nos encontrar novamente para que eu possa pegar o livro e para que possa devolvê-lo.
- Conhece o Café Grego, no centro. Eu trabalho ali perto, podemos marcar de nos encontrar lá. O que acha? Conversamos um pouco e você fica com o meu livro.
- Acho que não, não me sentiria bem.
- Com o Café?
- Não, em tomar-lhe o livro emprestado.
- Deixa de besteira. Dê-me o número do seu telefone.
- Não sei se devo.
- Desencana, menina. Ah, já sei. Você é casada...
- Não, claro que não. Tudo bem, anote aí.
Ganhei o telefone a tempo, um pouco mais e eu perderia a deixa. Ela levanta-se. Posso analisar toda a estrutura do seu corpo. Que mulher! Elegante, realmente bela em todo o conjunto. Será realmente uma bela cabeça de alce para enfeitar minha sala de troféus. O ônibus parte enquanto a vejo acenar-me discretamente com a mão. Esta está no papo. Leio o papel em minha mão. O número é fácil de guardar na memória, mesmo assim guardo o papel. Pouco adiante é a minha vez de descer. Chego em casa, se é possível chamar aquilo de casa e não de oca. Isso, oca. Entro na minha oca como um índio chegando da batalha.
Alguns desavisados, não peritos na arte do xaveco, dirão que aquela mulher está no papo. Não nego que é quase 100% de que sim, mas há uma pequena possibilidade que pode afetar negativamente o desenlace da história e deve ser levada em conta - o tempo para pensar. Quando investimos tudo sobre uma mulher não podemos lhe dar tempo para pensar, esse pensar, na maioria das vezes desfavorece o incauto xavecador. Mas eu nutro a esperança de que vou conseguir. É uma mulher e tanto, a única coisa que não condiz com sua beleza é aquele nome ridículo que mais parece ordem do que nome de pessoa. Mas fazer, nem tudo é perfeito.
Eu poderia telefonar para ela agora mesmo, mas isso deixaria claro as minhas intensões, e não estou querendo ser óbvio. Vou dormir gozando do encontro maravilhoso que terei com aquela deusa do ônibus. Minha única preocupação no momento deve ser como levá-la ao motel. A maioria das mulheres não gosta de ir para o motel no primeiro encontro. Questão, talvez, de educação, para não causar má impressão. Mas é urgente a minha vontade de Edite, estou certo de que a levarei, sim, para o motel, o mais rápido possível ou, no pior dos casos, à minha oca, ou a casa dela. Quem sabe.
Acordo todos os dias às sete horas. Troco-me, arrumo os cabelos rebeldes e corro para o ponto de circular. Entro no ônibus lotado como sempre. Não vejo Edite em canto algum. Começo a pensar que foi coincidência o fato de aquela mulher estar dentro daquele ônibus, porque em tantos anos naquela linha nunca a vi. Talvez, também fosse uma moradora recente do lugar. O fato é que não está no ônibus. Lembro-me de que me esqueci de pegar o livro, justamente o livro que seria pretexto para o encontro, hoje. Não tem problema, é melhor mesmo que se passe mais um dia, para dar a impressão de que eu não estou tão desesperado assim por ela.
Dia solitário. Penso na minha iminente conquista. Diante de tanta papelada na repartição, não tem relógio que aguente, o dia passa rapidamente.
Deu minha hora, corro pegar o circular na esperança de poder encontrá-la novamente, mas como naquela manhã, nada. Ela não anda de ônibus realmente. Mais tarde ligarei para ela.
Chego em casa e cumpro minha  rotina solitária. Faço uma gororoba para engolir, depois tomo banho e termino sempre na frente da TV. São quase nove horas da noite e a ansiedade começa a me corroer, preciso ligar para ela. Preciso. Não é mais questão de querer ou não, é necessidade vital. Pego o telefone e disco os números quase saboreando cada um deles. Ela atende.
- Alô, Edite?
- É ela, quem está falando?
- O Rui.
- Rui? Que Rui?
- Nós nos conhecemos no ônibus ontem, lembra-se?
- Não. Não conheço ninguém com esse nome – disse apressada e desligou o telefone na minha cara.
Olho as paredes quase com vergonha de que elas estejam ali presenciando uma cena como aquela. Que catástrofe! Nunca pude imaginar que ela me tratasse assim. O que será que aconteceu? Tem algo errado nessa história, ela tratou-me com educação no ônibus... essa atitude não parece condizente com a mesma pessoa. Minha cabeça está confusa. Será que é casada e disse aquilo para despistar o marido? Parece a coisa mais óbvia, certamente é isso. Que pena, mulher casada já é mais complicado, tem riscos que muitas vezes na vida preferi não correr. Atiro o celular sobre o outro sofá e fico mais um pouco diante da televisão, simplesmente cumprindo horário antes de ir para a cama.
                        Continua amanhã

Assista a esse vídeo.

Personal Paquera Professor de paquera Como conquistar mulheres 2 xaveco ...


Mundo Curioso


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