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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Almas Gêmeas - uma história quase romântica 5


V
Eu já fiz muitas merdas na vida. De algumas eu me lembro, de outras, ouvi falar e de uma ou outra eu não faço nem ideia de que as tenha feito. O fato de alguém entrar em uma igreja gritando que você é o pai do filho dela, no meio do seu casamento acho que fere todos os direito do ser humano. Eu não era pai de ninguém que eu soubesse, pelo menos, até aquele momento, não sabia dessa minha suposta paternidade. Então eu, o restante da igreja e as imagens dos santos volvemos nossos olhares para a porta do fundo onde aparecera a mulher que reclamava a posse de mim. Eu não consegui imaginar quem fosse a louca. Quando virei-me, o terror. Era Rose. A mesma louca que iria casar comigo sem eu saber agora tinha um filho meu, sem nunca termos transado. Que coisa estranha! Isso era para manchete em jornal, rádio e televisão.
Aquilo virou um rebuliço. Minha noiva me encarou, eu havia comentado alguma coisa, por cima, sobre a Rose, mas acho que não cheguei a pintá-la com todas as suas cores. O padre me olhou, balançou a cabeça como quem diz – “Deu merda!”. Eu olhei para Antero; ele, Danúsa; Danúsa, minha mãe; todos, a louca histérica que entrara na igreja. Um fato era verdade, ou pelo menos parecia. Ela estava grávida. Ostentava uma enorme barriga oculta somente por um vestidinho leve. Aquilo me deixou impossibilitado de dar-lhe umas pancadas, porque era bem o que ela merecia. Fiquei na minha, sobre o altar, sem saber direito o que fazer ou o que dizer. Ela se aproximou.
- Esse cafajeste é pai do meu filho. O Hugo está a caminho e ele está casando com outra?
- Olha, minha filha – defendi-me. – Se o pensamento engravidar alguém talvez você possa dizer que esse filho é meu. Quando eu vi você, a primeira vez, eu pensei em fazer algo com você, e isso foi o mais perto que chegamos de uma cama. Acredito que eu ainda não consiga fazer filho com a força da mente, pelo menos eu não sabia de que era capaz.
- O que significa isso, Rodolfo? – Danúsa havia se enfurecido.
- Significa que essa moça está precisando urgentemente de um hospício.
- É assim mesmo. Homem nenhum na face da terra presta – disse Rose chorando. – Esse desgraçado me enganou, me usou.... só que eu lhe juro... você vai assumir essa criança. E se você quer casar com ele, terá que conviver com a ideia de eu ele já tem um filho.
- Por que você não me contou isso, Rodolfo?
- Não contei porque nem imaginava que eu poderia ter feito um filho com a força da mente. Essa é aquela louca da qual lhe falei. Ela tem problema de cabeça.
- Ah, é. Então tudo bem. Amanhã vou à delegacia, vou pedir o DNA e vamos ver quem tem problema de cabeça.
- Não se dê a esse trabalho, se quiser vamos agora a algum laboratório. E eu lhe provo que esse filho não é meu, simplesmente porque eu nunca encostei um dedo em você, a exceção daquele dia, no escritório, que você me beijou. Não consigo imaginar como posso ter feito esse seu filho se o meu pintinho e você não se conhecem. Ah, me desculpe as palavras, Seo Padre, foi mal.
- Uma coisa eu sei – disse Danúsa. – Eu não me caso com você antes desta história estar bem explicada. E se esse filho for mesmo seu, não vai mais haver casamento. Aliás, só me procure quando essa situação estiver resolvida e torça para eu ainda querer me casar com você, depois disso.
- Danúsa, não vai embora, essa mulher é louca, não acredite nela, ela não sabe o que fala. Padre, diga alguma coisa, ela não pode me abandonar assim...
- Eu? Não tenho nada a ver com os seus problemas, quando se resolver me procure. Passar bem. Cada coisa que a gente tem que vivenciar.
- Antero, você precisa...
- Preciso nada, Rodolfo. Acho que você não me contou tudo o que aconteceu entre você a louca varrida. Não conte comigo para defendê-lo.
- Ah, meu Deus, que castigo! Você está vendo o que fez, sua maluca?
- Não, meu amor, eu caso com você se você quiser, ela não te merecia...
- Suma daqui antes que eu a estrangule, porque vou lhe confessar que a minha maior vontade agora é pegar você pelo pescoço e acabar de uma vez com essa história.
- Meu amor, não fique assim. Foi melhor, você vai ver.
- Suma daqui, sua louca.
- Rodolfo, não fale assim com a mãe do meu neto – defendeu minha mãe que se pôs entre Rose e eu.
- Mãe, não acredita na conversa dessa louca, não.
- Meu filho, acho que você está muito nervoso. E quanto a você, minha filha, o melhor é sair daqui, este ambiente de raiva não vai fazer bem para o nenê.
- Quer saber de uma coisa? Agora quem não quer casar, quem não quer merda alguma, sou eu. Vocês querem acreditar nessa alienada, acreditem, eu estou com a minha consciência limpa.
No fim da história eu terminei sozinho dentro da igreja. Os convidados, um após o outro foram se retirando e ninguém mais tinha coragem de dizer uma só palavra. O que aconteceria comigo? O injustiçado, sentei-me na escadaria da igreja vendo os últimos carros partirem, pus a mãos na cabeça e pensei. Pensei tanto que acho que deve ter saído fumaça de minha cabeça.



                                                   Ainda não acabou.
                                                Amanhã termina
Almas Gêmeas - uma história quase romântica, você não pode perder. 

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Um comentário:

Unknown disse...

tadinho do Rodolfo.....acaba com o sofrimento dele.....Torço pra ele e a Danusa ficarem juntos ......
Adoro passar aqui e ler a sua historia diaria....és um poeta que encanta até uma simples #sereia da net......adolooooooooooooooo ler aqui!!! beijoooo com carinho

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