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domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Livro de um náufrago 13 – o sofrimento de um homem dormindo ao lado de cinco mulheres lindas.


Depois daquela noite maravilhosa ao lado daquelas deusas roncadoras, peidonas e coiceiras, acordei disposto a me atirar ao mar e morrer afogado tentando chegar a algum lugar que fosse bem longe daquelas mulheres. Eu passara a noite emburrado, sem conseguir dormir. Brenda roncava como uma porca, Juliana peidava, Fernanda me dava coices e alguém estava num chulé terrível, o que me levou a crer que tudo aquilo que vemos por foto ou televisão não nos dá o sentido de nem dez por cento daquilo que a pessoa é realmente. Eu que pensei que dormir ao lado de cinco deusas maravilhosas como aquelas seria algo do qual um ser humano pudesse se orgulhar pelo resto da vida. Estava descobrindo que aquilo era um inferno do qual o sujeito não poderia se esquecer pelo resto da vida. Que tragédia! Até aquele momento eu não havia me chateado com o fato de termos naufragado numa ilha deserta em algum lugar de Fernando de Noronha, mas depois daquela noite, pude notar que aquilo não era arte de algum Cupido para me unir à Luana, era arte do Chuifrudo para eu deixar de amar as mulheres lindas maravilhosas e inatingíveis. Nunca, nem mesmo em meus piores pesadelos, eu pude sequer imaginar que aquilo fosse culminar no desespero que me invadia.
Levantei-me, tentando desviar-me daquela meia dezena de corpos espalhados pelo chão do trapiche, saí de mansinho. Eu deveria gritar e acordar todas elas, afinal não me deixaram dormir durante toda aquela noite. Venci a tentação de pisar alguns pescoços e sai para a praia deserta. Um sol luminoso nascia. Aproveitei a onda que veio beijar meus pés e com as mãos em conchas peguei um pouco de água e lavei o rosto para despertar. Depois recuei para a terra e sentei-me na areia fria. Fiquei imaginando o que aconteceria naquele dia. Será que seríamos resgatados? Será que alguém procurava pela gente? E se todos acreditassem que ao cair no mar tivéssemos morrido? Estariam, então, procurando nossos corpos? Por um instante pensei em minha mãe, ela deveria estar chorando como uma condenada pensando que o seu filhinho tinha partido dessa para uma melhor. Era até bom, assim quem sabe ela não começasse a me tratar como gente. Aliás, eu pagaria para ver a cara da Amanda e da Dona Norma quando receberam a noticias de que eu, junto com as modelos, poderíamos estar mortos, que nossos corpos estavam naquele momento grudado nos dentes de alguns peixes. Certamente a Amanda diria que sempre me amara e a Dona Norma diria que eu era a melhor pessoa que ela conhecera, certamente com medo de que eu viesse lhes puxar as pernas durante a noite. E naquela manhã, na praia de uma ilha deserta um homem ria da própria desgraça.
O que mais me intrigou foi o fato de que mesmo naquelas condições aquelas mulheres terem conseguido dormir até à uma hora da tarde. Eu não consigo entender como elas conseguem essa façanha. Eu, que mal vejo o sol se levantar tenho que me por de pé não consigo ver como é possível dormir a noite inteira e metade de um dia.
Como eu era o responsável pela alimentação, mesmo a contragosto, fui tratar de encontrar algo para comermos, elas acordariam com fome. Voltei a barraca, peguei a minha vara de espetar peixes e fui para as pedras em busca de encontrar mais alguns daqueles peixinhos. Foi fácil, em pouco tempo eu peguei cinco grandes peixes que limpei ali mesmo. Voltei para o meu trapiche, reacendi a fogueira e comecei a assar os peixes. O cheiro fez com que as meninas acordassem e viessem para junto da fogueira.
- Bom dia – disse-me Luana.
- Bom dia, não. Boa tarde.
Ela riu, mas não discutiu.
- Dormiu bem? – perguntou-me.
- Deus me livre! Não sei como você conseguiu tem umas meninas aí que roncam, outras que peidam, outras que ficam dando coice no outros durante toda a noite e alguém está com um chulé desgraçado. Mais uma noite dessas e juro que me atiro no mar e morro afogado.
- Você tem sendo de humor – disse Brenda.
- Senso de humor uma ova. Você é uma das que ronca igual a uma porca velha.
- O quê? Isso é brincadeira sua.
- Estou mesmo com cara de quem está brincando? Deus me livre, eu fiquei imaginando a hora que as paredes cairiam. Parecia um trator. Vocês podem tratar de fazer uma barraca para vocês, porque aqui vocês não dormem mais.
- Deixa, nós não vamos precisar mesmo – disse Juliana.
- Não?
- Não. Olhe lá a nossa salvação – disse ela apontando para o mar.

continua amanhã


assista o vídeo
102 maneiras de olhar Fernando de Noronha 




Mundo Curioso


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