Depois dizem que brasileiro é que é esperto... III - Sísifo liberta a Morte

Na última parte de nosso conto sobre a vida de Sísifo, vocês viram que enquanto nosso esperto herói descansava sobre a glória de suas conquistas, os deuses preparavam-se para interrogá-lo sobre o paradeiro da Morte.

Sísifo estava regando as flores do jardim quando dois imensos deuses chegaram pisando suas flores tão lindas e bem cuidadas. Ficou irado.

- Olhem por onde andam, seus idiotas.

Mas os dois não prestaram atenção ao que dizia Sísifo e aproximaram-se, resguardados pela sua turminha. Sísifo era inteligente, ao perceber a desvantagem, devido ao tamanho dos amigos de Hades e Ares, baixou o tom. Mas Ares já o grudava pelo pescoço e o suspendia quase meio metro do chão.

- Vocês deuses têm uma mania feia de pegar os outros pelo pescoço. Solte-me, por favor.

Ares o soltou e Sísifo caiu de bunda sobre uma roseira.

- Mais respeito, eu ainda sou o rei aqui.

- Desde quando ser rei é ser alguma porcaria? Agora, sem mais conversa, viemos buscar a Morte.

- Buscar o quê?

- A Morte.

- Ih! A morte já era, eu dei um jeito de me livrar dela.

- Você não pode ter matado a Morte.

- Acredite se quiser, ela partiu dessa para uma bem melhor.

- Seu tolo, sem a Morte ninguém morre, ou seja, você não poderia ter matado a Morte porque precisaria dos seus serviços para se livrar dela.

- Matei, matei, acreditem

- Nem os deuses podem fazer isso. Deixa de idiotice e nos diga logo onde escondeu a Morte, antes que eu faça a sua vida se tornar uma grande dor. Você sabe que sem a morte os machucados doem eternamente.

- Eu não sei onde ela está.

- Sabe sim, e eu já cansei de conversa. Eseu, trás o saco plástico.

Um dos companheiros de Hades e Ares veio com um saco plástico na mão. Uma cena digna do Caverão fazendo interrogatório no morro. Enfiaram a cabeça de Sísifo dentro do saco plástico, e assim, como o BOPE, em dois tempos conseguiram uma confissão.

- Ela está nas masmorras.

- Eu sabia que você iria cooperar seu marginal. Agora vira, seu filho da.... Vira que nós vamos terminar a cena do Tropa de Elite.

Para finalizar a cena sem que ela seja censurada, Hades e Ares levaram a Morte de volta ao seu trabalho e prometeram que voltariam ao Templo de Sísifo, no dia seguinte, quando ela tivesse recuperado suas forças para dar-lhe uma lição. Sísifo ficou estirado no jardim de seu quintal com a bunda doendo por conta do cabo de vassoura que se perdeu, pensando em como poderia escapar mais uma vez. E com a dor que sentia na bunda levantou-se e foi para casa conversar com Mérope, sua esposa.

Ao vê-lo entrar em casa sangrando pelo rosto e pela bunda, Mérope correu ajudar o marido.

- O que aconteceu, meu amor?

- Dois deuses valentões resolveram encenar o Tropa de Elite na Grécia antiga, e quem se ferrou nessa fui eu, isso deve ser coisa desses escribas modernos. Se um dia eu pegar o filho da mãe que escreveu isso, eu juro que faço com ele o mesmo que ele fez comigo.

- Por que fizeram isso?

- Só porque eu sou bonito, esperto e grego, se fosse em outra mitologia não teria essa violência toda. Você sabe como são esses deuses gregos, sistemáticos.

- Venha, eu vou cuidar dos seus ferimentos em dois dias você estará curado.

- Eu não tenho mais dois dias, Mérope.

- Como assim?

- Eles irão me matar amanhã.

- Ah, meu Zeus.

- Não diga o nome desse deus miserável, foi esse desgraçado quem mandou.

- Vixi, ferrou.

- E a quem poderemos recorrer?

- Acredito que a ninguém mais. Estou ferrado. Se pelo menos o Chapolin Colorado existisse.

- Meu amor, não. Você sempre se livrou dessas situações, tenho certeza de que bolará uma forma de se safar novamente.

 - Não sei, não. Agora, com o rabo doendo, não consigo pensar em nada. Ainda não inventaram a anestesia? Não? Que pena! Isso está doendo para lascar.

E com a bunda doendo Sísifo foi para a cama com sua esposa, a bela Mérope. Mas não dormiu de imediato pensando em como se livrar da Morte no dia seguinte. Pensava, pensava e não encontrava saída. Pelo jeito a sua esperteza tinha chegado ao fim, o negócio era esperar o dia raiar e despedir-se de sua esposa. E Sísifo acabou adormecendo. Durante a noite teve um sonho, um sonho de liberdade. E quando acordou na manhã seguinte ele sorria.

- Bom dia, meu amor. Eu sei como enganar a morte pela segunda vez.

- Veja lá o que você vai fazer, essa sua esperteza só tem trazido dores de cabeça.

- Agora vai ser o maior de todo os engodos. E você vai me ajudar.

- Como?

- Sente-se aí para eu explicar-lhe o meu plano.
Amanhã tem mais.
Grande abraço.
Valdir Bressane

Hoje eu me lembrei de que amo a mitologia grega. Não, não é sacanagem. Eu sempre gostei muito de ler sobre ela, mas sabe como é, falta de tempo, a gente acaba se esquecendo daquilo que verdadeiramente gosta. Aposto que isso não acontece só comigo. Fazia tempo que não via algo falando sobre isso. E hoje eu descobri o livro dos deuses “ Pelos Poderes dos Deuses Olimpianos”, de Sarah Micucci. O livro parece uma delícia de ler, a capa é muito chamativa e a autora muito simpática. Para quem quiser conhecer um pouco sobre os doze deuses olimpianos clique aqui. Se quiser conhecer o Blog da autora, “Império dos Deuses”, clique aqui. O Blog é maravilhoso, trás diversas informações sobre mitologia grega, tudo sobre seus inúmeros personagens apaixonantes. Se você gosta de Mitologia é o lugar certo, se não gosta é porque não conhece, então conheça um pouco desse mundo fantástico através do livro.

Pelos Poderes dos Deuses Olimpianos, de Sarah Micucci é um livro infanto-juvenil, uma ótima aquisição para quem tem filhos. Quem conhece a mitologia grega sabe o quão ela é formidável na arte de ensinar e aposto que autora do livro irá concordar quando digo isso. Aliás, os gregos preocupavam-se muito com a arte de viver, por isso a sua mitologia é recheada de histórias fabulosas que ensinavam enquanto entretinham. Não deixe de conhecer o livro e oBlog.