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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um é pouco, dois é bom, três é traição


 
          I


Ela atirou um copo contra a cabeça dele. Foi sorte não acertar em cheio. Depois correu ao quarto e começou a arrumar as suas malas.
- Você não vai embora, não agora. Você está nervosa.
- Poupa-me, não me venha com essa conversinha idiota. Estou indo. Não fico mais nem um minuto ao seu lado, seu cafajeste.
Ela atira o relógio que estava sobre o criado mudo. Esse passou raspando a orelha de Alberto, ele pode até mesmo ouvir o zunido do aparelho antes de se espatifar contra a parede às suas costas.
Bruna estava possessa. Havia pegado o marido com outra, minutos antes. E o pior é que a outra era mil vezes mais bonita do que ela. Ela relaxara. De quando casara, até aquele momento, havia engordado mais de quinze quilos, isso sem ter tido filho, se tivesse estaria uma bola, e uma bola enorme. Ela não estava simplesmente brava com Alberto, estava brava consigo mesma por ter permitido que o marido tivesse interesse em outra mulher, era culpa dela, estava claro que era, mas jamais admitiria que estivesse errada. Pegava suas roupas e ia enfiando na mala de qualquer jeito. E quem diria, justo ela que tinha mania de organização, fazer algo como isso. Ela não queria saber, que se danasse a arrumação, o que queria, naquele momento, era desaparecer daquele lugar, ela não poderia viver a lado de um homem que não mais confiava. A confiança perdida jamais é recuperada. O seu casamento havia acabado, isso era um fato consumado.
- Suma da minha frente, Alberto – disse ela empurrando o marido que tentava segurar-lhe o braço. - não me force a fazer algo que eu não quero, como, por exemplo, ter que acertar-lhe um murro no olho.
Alberto dá um passo para trás. Sabe que a mulher é terrível. Certa feita ela pegara uma mulher que olhou demais para ele e só não mandou a mulher para a UTI porque a Polícia chegou a tempo, Alberto sozinho não conseguira dar conta de tirar sua esposa de cima da pobre mulher, que ainda por cima era feia. 
Mas também que idiotice. Como pôde se deixar surpreender assim com a Soninha na cama? Fora muito idiota. Agora perdia a mulher. E mulher boa era Bruna. Boa em tudo, trabalhadora, limpa, excelente cozinheira, ótima esposa, fiel, ela tinha engordado um pouco desde que se casaram, mas ainda era bonita, pelo menos, ele ainda conseguia ver a beleza em seus olhos. Não podia se permitir perder assim a mulher de sua vida por conta de uma estupidez como aquela. Volveu seus pensamentos para o céu, estava certo de que se Deus lhe desse uma segunda chance jamais cairia em tentação novamente. Mas bruna parecia irredutível, ela era assim, quando enfiava algo na cabeça não tinha quem a fizesse voltar. Droga! Droga! Soltou o braço da mulher, ela passou na cozinha, pegou algo na gaveta do armário que ele não viu, depois foi até a geladeira, abriu-a, enfiou metade do corpo dentro do eletrodoméstico e quando se levantou tinha um lindo bolo como nome de Alberto escrito com glacê.
- Está vendo esse bolo? Era para o seu aniversário depois de amanhã. Mas tome-o agora.
E o bolo voou em direção a Alberto que pego de surpresa não conseguiu se desviar, e recebeu o bolo em cheio na cara. Lembrou-se daqueles filmes na TV em que um personagem atirava um bolo na cara de outro. Riria da situação, se não fosse os motivos pelos quais levara aquela “bolada”. Que pena! O bolo estava uma delícia!
Bruna virou-se, abriu a porta da cozinha e saiu quase correndo. Alberto saiu em seu encalço. Poderia ter deixado que ela saísse, seria bom para ela se acalmar, mas tinha medo de que se ela se fosse jamais voltaria. 
- Bruna, não vai embora, eu amo você – disse ele e já sentia que havia lágrimas em seus olhos.
Mas a esposa nem se deu ao trabalho de olhar para trás, continuou seu caminho indiferente aos apelos do marido. Ela sabia que era hora de partir, se não partisse agora perderia para sempre a sua dignidade. Talvez, um dia, se se arrependesse poderia voltar, mas agora não havia outra opção. Atravessou o quintal e abriu o portão. O Duque, seu cachorro, veio correndo aos seus pés. Ela o olhou, poderia leva-lo, afinal de conta era seu, Alberto nunca gostara mesmo do Duque. Mas iria levá-lo para a casa de seus pais? Seu pai odiava cachorro tanto quanto odiava qualquer intervenção em sua vida. O Duque teria que ficar. Ela passou a mão na cabeça do cachorro e fechou o portão. Alberto ficou do lado de dentro.
- Bruna, não...

Continua amanhã


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