- Como isso aconteceu? – foi tudo que consegui dizer. Acho que eu estava em choque.
- Pai, o senhor não vai me forçar a contar o que nós fazíamos na casa dela, depois da aula, ou, ás vezes, até mesmo durante as horas que deveríamos estar na escola...
- Está vendo, Iracema? Você criou um delinquente, que além de faltar às aulas, não ter nem dois metros de altura, ainda anda por aí engravidando meninas de – quantos anos você tem, menina?
- Treze, senhor.
- Treze anos? Tales, seu irresponsável, ela tem treze anos e você quatorze como esperam viver a partir de agora? Da sua mesada de cinquenta Reais por mês?
- Pai... não... eu arrumei um emprego...
- Um emprego? Para fazer o quê? Engravidar mocinhas que tem piercings no corpo todo, porque pelo visto, isso é fácil para você... Eu me mato de trabalhar para poder garantir a vocês uma vida melhor do que a que tive e como vocês me agradecem?
- Vocês, não. Ele. Eu uso camisinha. – reclamou Sônia.
- Aí, está vendo, Iracema, como a sua filha é um exemplo. Ela usa camisinha. Aos quinze anos ela transa com o namorado idiota, mas usa camisinha... meu Deus! que mundo é esse? Então hoje é o dia do vamos matar nossos pais de desgosto. Meu filho, quatorze anos, engravida uma menina cheia de peircings, de treze; minha filha de quinze, sem que eu nem remotamente suspeitasse, transa com seu namorado de dezoito, mas usa camisinha. Que consolo saber que a sua filha é libertina, mas se precavem de uma possível merda que faria com sua vida.
- Seo Agenor – ia defendendo-se Arnaldo – eu...
- Cale a boca, seu mauricinho idiota. Com vocês eu converso depois, agora eu tenho um assunto para resolver em nove meses...
- Nove não, pai – interrompeu Tales –, quatro. Ela está de cinco meses.
- Quer saber de uma coisa – disse eu atropelando as ideias – sumam todos da minha frente, agora. Você Tales, pode ir procurar um emprego decente para sustentar a sua família; você, ô menina de nome de cerveja, vai tirar esses malditos peircings e apagar essa tatuagem borrada; você, Sônia, pode ir ao cartório marcar seu casamento; você, Arnaldo, pode ir alugando o terno. – Iracema ia me interrompendo... Não me interrompa, Iracema, pois você vai para a cozinha lavar a louça e não vamos mais tocar nesse assunto durante pelo menos os próximos cem anos.
Tales levantou-se da mesa segurando a mão de sua namorada.
- Tá vendo, mãe! Não dá pra falar com o pai. Tchau! Eu vou embora mesmo e não volto mais nunca. – disse e airou-se porta a fora, junto com a sua namoradinha de nome de cerveja.
Sônia encarou Arnaldo, sussurrou-lhe algo que pude ouvir perfeitamente e dei-lhe uma pronta resposta.
- A senhora está muito enganada, Dona Sônia, eu não estou descontrolado, estou lúcido até demais e não vou voltar naquilo que disse. Vocês se casam ou eu interno você num convento...
Arnaldo levantou-se e saiu batendo a porta com estrondo sem nem ao menos se despedir.
- Olha, mãe, o que o pai fez. – disse chorando Sônia, levantando-se e correndo para o seu quarto.
- Fiz e faço de novo, já que não pude evitar que vocês se perdessem, agora, quero mais é que vocês se virem e não me encham as paciências. Tenho um divórcio para discutir ainda nessa noite com a sua mãe.
Amanhã
não perca!
Sensorte.
não perca!
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