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domingo, 18 de outubro de 2020

Almas Gêmeas - uma história quase romântica 3


III

Passaram-se muitos dias e eu já pensava naquela história como um fato engraçado que acontecera em minha vida. Deixara-me, porém, bem arisco em relação às mulheres. Não que eu já tivesse confiança suficiente, mas depois desse fato passei a ver as mulheres com outros olhos, temia encontrar outra louca como aquela.  Deus me livre! Ninguém merecia uma mulher daquelas, era demais para qualquer um. E esse fato acabou por me distanciar mais ainda do futuro encontro com minha alma gêmea. As aparências enganam, como enganam. O fato é que passei a ficar mais tempo em casa, na net e na TV, pelo menos nesses lugares a gente era aquilo que queria e conhecia quem queria e, se não gostasse de alguma conversa, simplesmente deletava, apagava, bloqueava, desligava. As coisas no mundo virtual eram muito mais fáceis de lidar.
Mais de mês, numa sexta-feira, o Antero grudou-me, perto da máquina de café.
- Você vai, Rodolfo?
- Vou aonde?
- No churrasco em minha casa.
- Não sei, estava pensando em outro programa...
- Assistir TV ou na Net? Cara, você está ficando insociável. Você tem que sair, curtir um pouco.
- Não sei não. Ultimamente ando fugindo de curtir...
- Ainda é aquela mina?
- Que mina?
- Aquela que pegou no seu pé?
- Não, não tem nada a ver.
- Tem sim. Está escrito na sua cara que você não conseguiu esquecê-la.
- Você é louco, Antero? Você não falou isso.
- Falei.
- Falou não.
- Ah, vai se ferrar. Não quero desculpas. Hoje, lá em casa e se você não for juro que vou à sua casa e dou-lhe uma surra bem dado e quebro aquele seu computador.
- Nossa! Como você está simpático e compreensivo hoje.
- Às oito, Rodolfo. Às oito.
Ele tinha razão, depois da Rose eu tinha adquirido um quer que fosse de insociável. Estava com medo, medo de encontrá-la novamente em algum lugar. Se, na hora do almoço, entrasse na lanchonete e visse alguma mulher de cabelos pretos lisos, meu coração já queria sair pela boca e eu não sossegava enquanto não conseguia ver que a mulher que estava ali sentada não era a Rose. Acho que adquiri uma espécie de trauma pós-relacionamento-que-não-existiu, ou algo parecido. Eu estava enlouquecendo. Estava tendo sonhos frequentemente em que ela aparecia, ora com uma machadinha na mão, ora com uma serra elétrica. E pensei que eu deveria estar assistindo demais a filmes de terror. Mudei a minha lista de filmes e passei às comédias, ação e ficção científica. Mas o fato era que aquela mulher havia deixado algo dentro de mim que eu não conseguia explicar e nem controlar... não precisa rir... eu não estava apaixonado... vocês não entendem. Era como se eu tivesse medo de que aquela história não tivesse terminado. 
Eu contei que voltei ao shopping para pagar a minha conta? Foi numa tarde, depois do expediente, entrei no shopping correndo, olhando em todas as direções, morrendo de medo de encontrá-la sentada naquela mesma mesa. Mas ela não estava. Encostei-me no balcão, a mocinha, que já me conhecia, eu andara por muito tempo paquerando-a, sorriu.
- O senhor sumiu.
- Tive problemas, acho que você se lembra do dia que sai daqui correndo como um louco e nem paguei a conta.
- Lembro, sim.
- Naquele dia encontrei uma mulher aqui que, pelo amor de Deus, que mulher maluca.
- Ah, sim. A Rosângela?
- Acho que é esse o nome dela. Você a conhece?
- Não muito, ela sempre vem aqui, ou pelo menos vinha. Depois daquele dia que o senhor saiu correndo ela, também, desapareceu.
- Mas você a conhece, digo, sabe onde mora, se é casada, solteira?
- Só sei que ela é jornalista, escritora, sei lá, algo parecido. Por quê? O senhor se interessou por ela?
- Não, claro que não. Ela é meio maluca.
- Realmente parece que lhe falta uns parafusos na cabeça, mas é uma mulher muito bonita.
- Beleza não se põe à mesa.
- Minha mãe vivia dizendo isso para mim, que a beleza não é tudo.
- Não é tudo mesmo, mas vale lá os seus sessenta por cento.
Convidei a mocinha para sair qualquer dia. Ela sorriu simpática e disse que não podia, estava começando um relacionamento e não queria começar de um jeito errado. Agradeci, paguei o que eu devia e fui embora do shopping.

Uma coisa que nunca gostei – churrasco em família. O Antero era casado. Sua esposa era um doce de pessoa, tinham uma menina de dois anos e um cachorro chato que queria fazer sexo com a minha perna. Logo que cheguei fizeram com que me sentisse em casa, depois da terceira cerveja eu já era praticamente um membro da família e estava até mesmo gostando do assédio do cachorro. E toda aquela movimentação me alegrou deveras. O pessoal do escritório estava em peso e uma irmã do Antero, que tinha chegado recentemente do interior estava conosco. Era uma moreninha bonita, ela. Logo nos tornamos amigos e, antes do final da noite, eu desejava levar ela para minha casa. As coisas comigo são assim.
 - Essa é minha irmã. Danúsa, esse é meu amigo e irmão Rodolfo. Solteiro, fã do Raul, comunista filho da puta e leitor assíduo de tirinha de jornais.
- Você não quer deixar que nos apresentemos, acho que ela não vai formar uma boa imagem minha se você continuar falando tão bem assim de mim.
- Ah, é, desculpe – disse ele rindo.
- Danúsa, prazer.
Danúsa era um tipo de mulher encantadora, alegre, falaz e extremamente atraente. Boa de bunda, de peito, de cara... era a mulher perfeita. 
- Você trabalha com o meu irmão encrenca?
- O Antero encrenca? Você não disse isso? Você bebe?
- Pouco. O álcool não anda me fazendo bem
- Por quê?
- Toda vez que tomo demais acaba caindo numa cama que não conheço – ela riu e eu entendi que foi uma piada.
- Você tinha que ser irmã do Antero, mesmo.
- Isso foi uma crítica ou um elogio?
- Acho que vou ligar para o meu advogado antes de responder.
Assim começou a nossa conversa e não sei muito bem como aconteceu, mas, logo, estávamos em minha casa.
- Pode entrar. Sinta-se à vontade - disse eu abrindo a porta para ela entrar. O caçador se preparava para abater a caça.
- Tudo bem, já que eu posso me sentir em casa você não vai se importa se eu tirar a roupa, não?
- Acho que, talvez, isso seja mais do que à vontade.
Ela jogou-me contra a porta que se fechou às minhas costas. Beijou-me intensamente enquanto suas mão corriam de um lado para outro de meu corpo e sua língua agressiva penetrava minha boca que, por um instante, pareceu-me inocente e delicada. De repente minhas roupas voavam pelos ares, as dela, não sei onde foram parar. Sei que nos enroscamos de tal forma que seria impossível saber que perna era de quem. Foi muito bom! Aplausos à Danúsa.
Quando acordei no dia seguinte e senti o cheiro daquela mulher ao meu lado quase enlouqueci. Ela era tudo o que eu procurava em uma mulher, delicada e, ao mesmo tempo, decidida, bonita, gostosa. Eu não poderia pedir nada melhor do que aquilo, aquela nascera para mim. Pronto! Eu havia encontrado minha alma gêmea. 
Passei as mãos em seus cabelos lisos... será que era progressiva também? Ri do meu pensamento enquanto acarinhava o seu corpo adormecido. Ela era um espetáculo. Passei os dedos pelo seu corpo, pelo seu ombro, sua pele era macia e delicada. Ela mexeu-se e pensei que tinha acordado. Apenas virou-se na cama. Aproveitei a deixa e levantei-me. Preparei um café da manhã e depois voltei à cama. Encostei o meu corpo ao dela e a abracei. Ela mexeu-se e abriu os olhos lentamente. Despertou sorrindo, beijou-me levemente.
- Eu não disse que o álcool me punha em situações complicadas. Que cama é essa que não conheço?
- Você dorme como uma criança, estava com pena de acordá-la.
- E mesmo assim me acordou.
- É que preparei um café da manhã digno de uma rainha, afinal você deve estar precisando...
- Eu precisando? Quem precisa de um bom café é você, não eu.
- Eu? Garanto para você que posso passar o dia inteiro aqui com você fazendo tudo o que você quiser sem me levantar nem para beber água.
 - Eu acho que isso é propaganda enganosa.
- Ah, você acha? Vou mostrar-lhe uma coisa.

                                                     Ainda não acabou.
                                                Tem muito mais amanhã 

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