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E o problema maior é quando o sim foi dito na frente de padre, juiz e um mundo de testemunhas, fica complicado desdizer o que se disse e o que se viveu. Tanto para um quanto para o outro, o sim pode ter consequências drásticas.
Por isso gosto dos nãos, ele nos motiva a fazer com que se arrependam do que disseram.
Mas todo esse rodeio foi para contar o fato mais chato da minha vida de xavequeiro.
Naquela madrugada fria, como eu começara a dizer, no terminal rodoviário de Curitiba, vi uma deusa. E como sempre eu estava pronto para o bote como uma serpente, esperei ela se sentar. Sentou a minha frente, no lado oposto do corredor. Notou eu babando por ela. Tem mulher que sabe que é gostosa, essas têm a autoestima elevada e são mais difíceis de serem xavecadas. Mas quantas iguais a ela eu não havia encontrado em minha vida? Ela não me intimidou. Fiquei olhando fixamente para ela, até que de posse de minhas malas e munido de confiança, com a língua afiada, pronto para beijar, atravessei os metros que nos separavam.
- Oi – disse eu sorridente. – Posso me sentar aqui?
Ela olhou-me com um sorriso de desdém. Um sorriso que até então eu nunca vira em minha vida. Mas tomei aquilo como sinal positivo. Poucas mulheres, em minha vida, gostavam de se relacionar com homens desconhecido em lugares improváveis como um terminal rodoviário. Mas havia aquelas que adoravam uma aventura, adoravam explorar possibilidades e, pelo meu entendimento, aquela era uma delas. Uma das loucas libertinas que saem na madruga a procura de um macho que satisfaça seus desejos sexuais.
Munido da minha autoconfiança, depus minha bagagem no chão e fui sentando-me, ouvindo-a dizer:
– Claro.
Claro! Nossa! Aquele “claro!” tinha o mesmo significado de estou louca para dar uns beijos em você. E enquanto minha nádega passeava entre aquele curto espaço para acomodar-se no banco, vislumbrei meus amigos morrendo de inveja ao me verem com uma gata daquelas. Senti-me o Don Juan.
Mas foi no momento em que minha bunda tocou o banco gelado que todo o meu corpo congelou. A linda mulher levantou-se e me olhando do alto, de uma posição que me fez sentir pequeno, disse:
- Sentar você pode, afinal, o lugar é público; só não me peça para ficar ao seu lado.
E ela saiu desfilando pelo corredor enquanto eu tentava entender o que havia acontecido.
E de tudo isso concluo que não existiu em toda a minha fadada vida de xavequeiro um fora tão bem dado e tão impulsivo como esse. Nunca mais em minha vida senti um coice como esse. Trago as marcas das ferraduras dela gravadas em meu peito. Coiceira!
Meu recado para as mulheres.
Queridas, nós nos esforçamos tanto para ficar com vocês, para dizer a coisa certa, no momento certo. Não nos resta mais nada a não ser implorar para que vocês sejam mais paciente, compreensivas e maduras. Não há mal algum em ser xavecada, o xaveco é um elogio à sua beleza, aos seus peitões, aos seus bundões, aos seus coxões, aos seus abdomens definidos, aos seus sorrisos, aos seus olhos, aos seus corpos desnudos na mente de um pervertido. Não importa o motivo, se você é xavecada é porque merece. Mulher feia não é xavecada nunca, nunca passa pela rua arrancando assobios. Se você está sendo xavecada é sinal de merece. Curta isso. Faça-se de gostosa, mas seja sempre muito educada. O fora de hoje pode lhe custar um sexo solitário amanhã quando as pelancas caírem e ninguém mais quiser passear por sua pele enrugada e cheia de buracos. Aproveitem-se de suas curvas, de seus asfaltos recém feitos e sejam felizes, tem certas estradas que não podem, jamais, ser recapeadas.
Valdir Bressane
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