Depois dizem que brasileiro é que é esperto...

Eu sou apaixonado pela mitologia grega, embora não possa me considerar um estudioso dela, sempre que posso leio alguns bons livros sobre o assunto. Ela é encantadoramente apaixonante. Gosto das histórias que dão lição de moral sem parecerem pretensiosas.  Por isso, vou escrever a minha versão do mito do Rei Sísifo. Quem não conhece vai gostar e quem conhece pode se surpreender.

Sísifo era o rei de Corinto, tido como o mais esperto dos homens. Dono de uma inteligência e astúcia dignas dos deuses. Um dia, por acaso, (acho que eu me esqueci de mencionar que ele também era bem sortudo) ele descobriu que Zeus, o todo poderoso, salve-salve, havia raptado Egina, filha de Ásopo, deus dos rios. Cabe lembrar que D. Juan é um pega-nada se comparado ao grande Deus do Olimpo, eu não me lembro de nenhum outro deus que tenha tido mais mulheres do que ele, ele tinha uma verdadeira obsessão por engravidar lindas mocinhas mortais ou não, o que, de certa forma, o torna um exemplo a ser seguido pelos inúmeros homens-galinhas da atualidade. Tá, mas a história de Zeus, no momento não é importante.

Sísifo estava enfrentando um problema terrível – a seca que assolava todo o seu reino, levando Corinto à miséria. Agora, imagina qual era a situação desse rei, preocupado com a riqueza de seu reino, ele tinha que fazer algo, e, como eu havia dito, quis a sorte que o esperto Sísifo descobrisse o paradeiro de Egina, filha de Ásopo, deus dos rios. Sísifo viu nisso a solução dos problemas do seu reino. Foi procurar Ásopo. E a conversa foi mais ou menos assim. Ele encostou-se à cabeceira do rio e gritou:

- Ásopo!

Ásopo emergiu das águas grudando-o pelo pescoço, afinal o que um mero mortal queria com um Deus a não ser encher o saco? Cabe lembrar que os deuses gregos não eram tão piedosos e justos como o Deus de Abraão, Jacó e tantos outros, enquanto Jeová mandava seu filho morrer por uma humanidade pecadora, os deuses gregos queriam mais é que a humanidade se danasse para lá, longe deles e sem muitos lamentos. Sísifo, entre tentar respirar e falar, conseguiu pronunciar o nome de Egina. Ao ouvir o nome da filha, o Deus dos Rios soltou-o e simpático, parecia outro, sentou-se na margem do rio para conversar.

- O que você sabe sobre minha filha?

- Sei quem a sequestrou.

- Então me conta.

- Em troca o que ganho?

- Mas vocês mortais são mesmo uns mesquinhos, não? Como pode pensar em tirar proveito de um pai desesperado?

- Não é querendo tirar proveito. Você está preocupado com sua filha e eu com o meu povo. Façamos uma troca – você me dá uma nascente forte e eu lhe conto onde está a sua filha.

- Vamos fazer o quê? Tudo bem. Fechado.

- Bem, quem a sequestrou foi Zeus.

- Você está brincando? Puts! Que droga! Justamente Zeus! Aquele filho da mãe não está cansado de engravidar mulher? Ah! Ele vai se ver comigo. Ah se vai! Terá a sua nascente assim que eu trouxer minha filha de volta. Sabe como é, preciso saber se você está dizendo a verdade... E é bom que esteja, porque senão, ao invés de ganhar uma nascente, vai ganhar é a morte- disse isso e desapareceu.

Sísifo voltou ao seu palácio preocupado, ele já conhecia Zeus e sabia que ele era pior que bandido, quando dava de ferrar alguém, coitado desse alguém, estava mesmo lascado. Preparou-se para a retaliação de Zeus, sabia que a sua vingança seria matá-lo. Dito e feito. 

Estava quase escurecendo quando Sísifo viu entrar em seu palácio aquela que ele reconheceu imediatamente. Era a Morte. Zeus pegara pesado mesmo.

- Você é Sísifo? – perguntou a sombria Morte.

- Sou eu mesmo e você não precisa se apresentar, sei quem é, aliás, em todo o mundo não posso imaginar quem não conheça a senhora. Contam-se maravilha sobre a sua beleza.

- Verdade? – perguntou a Morte envaidecendo.

- Se é. Tenho um primo que disse ter visto a senhora passeando por aí e ficou apaixonado. E como ele sabe que eu sempre tive muito contato com os deuses, sempre muito bem relacionado, entregou-me esse colar, dizendo-me que o entregasse pessoalmente à senhora, quando a visse, se a visse. Disse, também, que ao usá-lo o colar ressaltaria ainda mais a sua beleza.

- Entendo que o seu primo tem muito bom gosto. Obrigada pelo presente.

- Será que posso ter a honra de colocar-lhe o colar?

- Ah! Claro – disse a morte virando-se de costas. 

Sísifo aproximou-se. Enquanto falava ao pé-do-ouvido da Morte com uma voz sedutora, retirava de dentro de uma caixinha a suposta joia. Mas a Morte certamente não conhecia a fama de Sísifo, senão teria se precavido. Que inocência a sua ao dar-lhe o pescoço! Sísifo envolveu o pescoço dela com uma coleira.

- Querida amiga Morte, você está condenada a não levar mais ninguém a Hades.

Quando a morte viu-se presa arrependeu-se de sua inocência, mas era tarde demais. Presa àquela coleira estava entregue aos mandos e desmandos de Sísifo. O rei de Corinto bateu palma e mandou que um soldado entrasse e levasse a Morte para a masmorra, onde deveria ficar até segunda ordem. Sísifo havia vencido a Morte, trazido Água ao seu reino e tudo indicava que a coisa terminaria por ali. Mas não acabou, porque aprisionando a Morte ele fez mais duas poderosas inimizades.

Pra quem não conhece a história do Rei Sísifo e estiver curioso para saber como termina, leia o restante do post amanhã. Grande abraço.

Hoje eu me lembrei de que amo a mitologia grega. Não, não é sacanagem. Eu sempre gostei muito de ler sobre ela, mas sabe como é, falta de tempo, a gente acaba se esquecendo daquilo que verdadeiramente gosta. Aposto que isso não acontece só comigo. Fazia tempo que não via algo falando sobre isso. E hoje eu descobri o livro dos deuses “ Pelos Poderes dos DeusesOlimpianos”, de Sarah Micucci. O livro parece uma delícia de ler, a capa é muito chamativa e a autora muito simpática. Para quem quiser conhecer um pouco sobre os doze deuses olimpianos clique aqui. Se quiser conhecer o Blog da autora, “Império dos Deuses”, clique aqui. O Blog é maravilhoso, trás diversas informações sobre mitologia grega, tudo sobre seus inúmeros personagens apaixonantes. Se você gosta de Mitologia é o lugar certo, se não gosta é porque não conhece, então conheça um pouco desse mundo fantástico através do livro.

Pelos Poderes dos Deuses Olimpianos, de Sarah Micucci é um livro infanto-juvenil, uma ótima aquisição para quem tem filhos. Quem conhece a mitologia grega sabe o quão ela é formidável na arte de ensinar e aposto que autora do livro irá concordar quando digo isso. Aliás, os gregos preocupavam-se muito com a arte de viver, por isso a sua mitologia é recheada de histórias fabulosas que ensinavam enquanto entretinham. Não deixe de conhecer o livro e oBlog.