Nessa história eu não sou a personagem principal, mas presenciei tudo do início ao fim.
Minha amiga e eu, depois de um longo dia de trabalho no salão de beleza, resolvemos passar no mercadinho de nossas freguesas, comprar algumas coisas e irmos embora. Assim fizemos, pegamos o coletivo, fomos para o centro da cidade. Ao saltarmos do ônibus escutamos um som alto que emitia uma música popularmente conhecida. Olhamos uma para outra e nossos pensamentos foram os mesmos. Falamos ao mesmo tempo:
- Vamos?
- Mas e nossas compras? – perguntei.
- Ficamos só para ver o show, depois vamos embora.
- Ok! - concordei com ela.
Realmente nossa escolha de ficar foi ótima. O conjunto era bom, muitas pessoas dançavam ao som da música.
Sabemos que em um show há vários tipos de pessoas, desde jovens até pessoas com mais idade. Os mais velhos são mais quietos; alguns jovens, às vezes, são irrequietos.
Eu e minha amiga em pé com nossas compras aos nossos pés, curtindo o show. Observávamos o movimento ao redor, vimos um homem de aproximadamente uns 36 anos, evidentemente alcoolizado, carregando uma sacola de plástico enorme que parecia estar bem pesada.
Fiquei imaginando como ele conseguia, cambaleando daquele jeito, carregar a enorme sacola.
De repente surgiu um grupo de quatro rapazes brincando e correndo. O encontro, ou melhor, dizendo, o esbarrão entre os jovens e o bêbado foi inevitável, mesmo estando bem alcoolizado o homem se indignou com os rapazes, olhando com cara feia para eles e levantando o dedo em protesto. Os jovens rindo muito seguiram seu caminho.
De onde estávamos, minha amiga e eu, assistíamos a toda à cena, rindo como os rapazes.
Então o bêbado olhou para o lado, viu dois policiais a serviço na festa, imediatamente dirigiu-se até eles, ou, pelo menos, tentou, pois para cada passo que dava para frente, dava três para o lado, tentava se firmar e caminhar. Aos trancos e barrancos chegou perto dos policias, creio eu, para fazer queixa dos jovens.
Em frente aos policias, com o corpo balanceando, abriu a boca para falar, mas nenhum som legível saiu dela, sua língua parecia travada. Os policiais franziram a testa diante das palavras desconexas do homem.
Balbuciando, olhava para trás e apontava na direção que os jovens tinham tomado.
Os policiais franziram a testa tentando decifrar o que o homem dizia. Era evidente que se seguravam para não rir do bêbado.
Aproveitando o momento que o bêbado se virara, foram embora.
Ao voltar-se, e não mais ver os policiais, sua indignação foi ao auge, levantando os punhos e pronunciando palavras inteligíveis, o bêbado começou a dar socos no espaço deixado pelo policias.
Ao dar um soco mais forte, rodopiou e caiu de joelhos, com sua sacola firmemente grudada às costas.
Surpreendentemente ficou de quatro, saiu engatinhando do espaço onde estava sendo realizado o show.
Espero que vocês possam imaginar a cena e dar boas gargalhadas como, minha amiga e eu, demos.
Celeste Regina
autora do Blog
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