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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Livro de um náufrago 14 - O resgate

Ao olharmos o mar que se descortinava a nossa frente, surpresos, vimos um grande navio que se aproximava de nossa ilha. Certamente era a salvação! As meninas se levantaram da areia e correram até a beira do mar agitando os braços e gritando como louca na tentativa de chamar a atenção da tripulação do navio, barco, iate, sei lá que diabos seria aquilo.
Deu certo, o navio rumou diretamente para a nossa ilha, parou à entrada das pedras. Alguns homens lançaram um bote tripulado por três pessoas que veio até a praia.
Eu continuei sentado diante da fogueira, sem saber necessariamente o que fazer. Se aquilo era bom ou mau. Estávamos salvos, isso era bom, não? Mas ao mesmo tempo que eu estava feliz por finalmente poder ser resgatado, estava triste, porque aquela nossa reclusão durara tão pouco tempo que eu não tivera oportunidade de conquistar Luana, a minha deusa.  Certamente, depois disso, todas as chances que eu tinha foram reduzidas a 0%. Se naquele lugar eu não conseguira nada, saindo dali é que não teria mesmo chance alguma. Enquanto o bote se aproximava eu comia o peixe insosso tentando me decidir se me alegrava ou chorava.
O bote aportou na praia. As mulheres, loucas, eufóricas, pularam sobre os homens que viram surgir. Homens barbudos de faces embrutecidas, musculosos. Certamente eles estavam imaginando ter encontrado um Paraíso na Terra, ao serem abraçados por tantas mulheres bonitas.
- Juca, corre aqui – gritou Luana.
Eu, sem motivação alguma, levantei-me, deixando meu peixe assado, rumei ao encontro dos salvadores.
- Como vocês vieram parar aqui? – perguntou um dos homens com uma voz cavernosa que me deu frio na espinha.
- Naufragamos – adiantou-se Brenda. – Viemos tirar umas fotos para uma revista e nosso barco naufragou.
O homem virou-se para o seus amigos, dois outros trogloditas, e falou em outra língua, alemão ou árabe, para mim as duas podiam ser muito parecidas, eu não falava nenhuma delas. Os homens puxaram o bote para a praia, riam e diziam alguma coisa naquela língua esquisita. Os outros concordavam, rindo também.
- Meus amigos disseram que se vocês quiserem ir conosco nós lhes salvaremos
- Oba! Estamos salvas! – gritaram todas juntas batendo palmas.
- Porém...
- Porém o quê?
- Se vocês quiserem vir, podem vir, mas o sujeitinho, ali, não.
Eu quase caí de costas. Por que eles salvariam somente as mulheres? Por que não me levariam? Eu dei de ombros, era claro que elas aceitariam essa condição sem hesitar. Eu tinha honra, não iria me humilhar, se não quisessem me levar que se danassem. Voltei para o meu peixe que, pelo que vi, seria a única coisa que iria comer por um bom tempo. Não me importei, ficar naquela ilha sem elas seria bom, muito bom mesmo, eu me repetia isso tentando me convencer, quando, na verdade, eu estava mesmo era triste por ter que ver Luana acompanhá-las.
Foi quando ouvi Luana me defender.
- Não, só iremos se vocês levarem o Juca. Foi ele quem cuidou da gente aqui e não é justo irmos embora sem ele.
- Então, você vai ficar com ele – sentenciou Suzana se aproximando. – Porque eu estou partindo. Meninas, por que vocês estão discutindo? Vamos embora.
Aquilo estava ficando estranho. Por que alguém faria questão de impor condições para salvar um grupo de náufragos? Mas não discuti, não quis tomar parte naquela briga. Eu estava feliz por Luana ter tomado o meu partido, mas ao mesmo tempo triste porque todas as outras cinco subiram no bote sem nem ao menos olhar para trás. Luana, veio ficar ao meu lado.
- Luana, não seja boba – disse eu. – Pode ir, sei que mais dia ou menos dia outro navio irá passar por aqui. Pode ir, eu não me importo de ficar sozinho.
- Sem você eu não vou, afinal você foi nosso anjo nessa ilha, não seria justo.
Todas as outras já estavam dentro do bote. Os homens empurraram o bote contra as ondas. Não insistiram para que Luana fosse. Suzana torceu o nariz e disse:
- Luana, você é muito tonta! Boa sorte!
Luana e eu ficamos na areia da praia vendo o bote seguir em direção ao navio. Era o fim da aventura para elas e o começo de uma nova aventura para mim. Certamente não poderia ter acontecido coisa melhor. Eu adorei o fato daquelas mulheres serem tão ingratas. Sentamo-nos na praia e ficamos observando. Logo o bote encostou ao navio. As meninas e os três homens subiram no convés. Estava terminado.
Foi quando algo muito estranho aconteceu que deixou-nos petrificado na praia.




Continua amanhã



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102 maneiras de olhar Fernando de Noronha 




Mundo Curioso


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