Ninho de Risos: O livro de um Náfrago 18 - o fim da história, a vida continua....

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos que acompanharam esse conto.

Para mim é sempre um grande prazer ver que mais e mais pessoas acompanham,

gostam e comentam meus textos, seja aqui ou em qualquer lugar.

Obrigado a todos vocês. Espero vocês na segunda-feira.

Segunda-feira porque agora vou parar de postar textos aos finais de semana, abrindo espaço a escritores que quiserem mostrar o seu talento aqui no Ninho de Risos, pois sei que serão muito bem recebidos por esse público fiel e amigo do nosso Blog. A exemplo do que aconteceu nesse final de semana quando a nossa querida amiga poetisa portuguesa, Joana Silva nos brindou com "Imaginação".

Boa leitura.

Espero que gostem do final de

O Livro de um Náufrago.

Deixem suas impressões nos comentários, pelo meu e-mail, Twitter @ninhoderisos1,

pelo Facebook.

Um beijo e um cheiro!

Valdir Bressane

Acho que todo mundo da revista estava ali na recepção. Bastou que cruzássemos a soleira da porta de entrada para que todos começassem a me aplaudir e uma onda de abraços calorosos e sorrisos simpáticos engolir-me, deixando-me desconcertado, sem saber o que responder, o que dizer e o que fazer. E eu não poderia dizer que naquilo havia falsidade, parecia a mais sincera demonstração de carinho e apreço que eu já vira em minha vida. Isso me deixou mais do que emocionado, e tive que lutar contra as lágrimas, mas terminei não conseguindo quando minha mãe irrompeu da multidão e abraçou-me de um jeito que eu jamais tinha sido abraçado.

- Pensei que tivesse te perdido – disse ela.

No fim foi a melhor recepção de boas-vindas que já tive em minha vida. Depois, todos voltaram aos seus trabalhos, eu fiquei com minha mãe. Rodolfo, Dona Marta e, por fim o Senhor Carlos, o dono da Revista, que se aproximou de mim, estendendo-me a mão.

- Você é um jovem de sorte. Fico feliz que esteja bem.

- Obrigado – respondi um pouco desconcertado.

- A partir de hoje você será realmente o assistente do Rodolfo e irá receber um salário melhor.

- Obrigado, Senhor Carlos.

O velho disse isso e desapareceu escada acima. Rodolfo cumprimentou-me pelo novo cargo e depois desapareceu. Minha mãe tornou a me abraçar.

- Vamos para casa.

- Estou em horário de trabalho.

- Eu pedi para o Senhor Carlos, ele disse que tudo bem.

- Então vamos.

Abraçado à minha mãe saí da redação e fui para casa. Eu precisava mesmo de um bom descanso. Peguei minhas malas e saímos. O motorista da revista, ao nos ver, fez questão de nos levar em casa. Agradeci dizendo que iríamos de ônibus, mas ele praticamente nos obrigou a entrar no carro. Sem saída, aceitamos. Fomos parar na porta de casa, onde mais gente me esperava. Amigos, vizinhos, parentes que se compadeciam pela dor de minha mãe ao ter um filho desaparecido no mar. Fui novamente ovacionado e, de repente, Amanda irrompeu de entre todas aquelas pessoas, com seu jeito meio tímido e beijou-me na boca diante de todos. Mais comemorações. Eu estava me sentindo um herói e, pela primeira vez na vida, senti-me importante, senti-me gente.

Quando a última pessoa saiu de casa já eram das dez da noite. Ficamos, minha mãe, Amanda e eu. Minha mãe alegou que estava cansada, foi se deitar, decerto com a intenção de deixar-me sozinho com Amanda. Ficamos a nos beijar até por volta da meia noite quando o sono e o cansaço abateu-se sobre mim. Levei Amanda até sua casa que ficava a duas quadras da minha e voltei. Abri a porta e fui diretamente para o meu quarto.

Luana Petrarca estava lá, sorrindo para mim. Eu tirei a roupa, beijei o poster e fui dormir. Terminava ali o melhor dia de minha vida. Foi uma boa experiência, inesquecível.

No dia seguinte ao chegar à redação o Senhor Carlos mandou-me chamar. Fui até sua sala.

- Juca, quero que relate ao Julinho da redação tudo o que aconteceu na ilha, quero uma matéria exclusiva. Muitas pessoas estarão interessadas em ler sua história.

- Sim, senhor. A propósito, Senhor, será eu poderia escrevê-la, depois passo ao Julinho.

- Você escreve!?

- Faço lá minhas frasinhas.

- Muito bem, então. Vá à redação, sente-se num computador e até o meio-dia quero a história em minhas mãos.

- Sim, senhor.

Fiz o que o senhor Carlos havia me pedido. Era uma chance de mostrar meu trabalho. Quem sabe... Eu não gostava de pensar em possibilidades com medo de me decepcionar, mas quem sabe aquilo não pudesse dar um empurrãozinho em minha vida. Eu gostava de escrever, embora nunca tivesse mostrado meus escritos a ninguém, eu sabia que tinha competência para tal. Às onze da manhã eu estava entregando o texto para o Senhor Carlos que elogiou muito o meu estilo e disse que eu deveria pensar em levar adiante a carreira como jornalista ou escritor. Eu sorri e sai da sala.

Quando fui almoçar, Dona Marta, ao me ver passar pela recepção, chamou-me.

- O empresário de uma das modelos esteve aqui a sua procura. Onde você estava que eu o procurei por todos os lados.

- Na redação.

- Eu não sabia que você estava lá, pensei que tivesse saído com o Rodolfo.

- E o que ele queria?

- Deixou isso aqui para você – disse ela entregando-me um embrulho.

Peguei o grande embrulho. Abri-o sem cerimônia. Lá estavam três posteres enormes de Luana Petrarca, autografados.

“Ao homem que me deixou apaixonada, Juca. De sua fã. Luana Petrarca”.

Eu sorri. Dona Marta pediu para ver o poster, eu o mostrei. Ela espantou-se com a frase escrita.

- Aí, Juca, arrasando coração de modelo.

Enrolei o poster e sai para almoçar.

Era claro que aquilo era a vida real, e, infelizmente, na vida real, as coisas não acontecem como queremos ou sonhamos. Eu nunca mais tive oportunidade de ver Luana Petrarca. Ela casou-se com o empresário nordestino e abandonou o seu trabalho de modelo. Mas a história certamente morreria consigo em suas lembranças, assim como seria comigo.

Fim

Esse Blog é 10!!!