Como é bom tirar férias! Outros ares, a falta de compromisso diário, a falta da responsabilidade diária, a falta de alguém nos cobrando, alguém nos vigiando... Mas que bom que as férias não são eternas (estou sendo sarcástico).
O que nos serve de consolo é que mais cedo ou mais tarde elas voltarão. Eu estava pensando em passar as férias em Las Vegas, infelizmente, meu dinheiro não foi suficiente nem mesmo para chegar a um cassino clandestino, mal localizado, escuro e fétido em São Paulo. Foi até bom, eu não queria ir mesmo. Ainda mais depois que assisti ao filme do Percy Jackson, todos viram como eles ficaram presos em Las Vegas. Isso me deixou receoso.
Mas as minhas férias foram bem legais. Obrigado. Estive praticando corrida, foi incrível, descobri que eu sou um corredor nato, rápido e eficiente. Aliás, estou até pensando em participar da São Silvestre no final desse ano. Como corro, só preciso de motivos. O melhor motivo, o que torna nossa corrida mais eficiente, é quando estamos ouvindo aquele barulho gostoso de sirenes de carros da Polícia vindo em nosso encalço (isso foi uma piada!).
O Marley é que não gostou das nossas férias.
Resolvi que estava na hora de atar os velhos laços familiares. Gente que não via há muito foi a minha opção para essas férias. Visitar parentes é uma boa. Você só gasta com transporte, chegando lá, tem hospedagem e comida de graça e quando você vai embora o seu parente o abraça e diz que vai sentir saudade. Vai gostar de sofrer assim lá longe. Minha tia Isabel, pobrezinha, mora numa casinha simples, beira-mar, em Floripa. Quer parente melhor para visitar? Minha esposa e eu enfiamos o Marley no carro e fomos a Floripa. Chagando lá Tia Isabel nos recebeu com sorrisos. A pobre deve ter uns cinquenta anos, com carinha de setenta, acabada, tão acabada que parece que morreu e alguém se esqueceu de enterrar.
Convidou-nos para entrar, disse que de jeito nenhum deixaria que ficássemos num hotel, pois eu havia dito, a princípio, que iria me hospedar em um. Insistiu tanto em nos dar pouso que não vi outra opção senão aceitar a generosidade da velha. Pegamos as malas e entramos na casa. Gente do céu, pensa no lixão! A casa não era desorganizada, era um verdadeiro depósito de quinquilharias e gatos. Eu odeio gatos, sofro de asma e uma estranha alergia cutânea ao mínimo contato a esses doces animais, e não preciso dizer que o Marley também não morre de amor por eles. Tive que deixar o Marley amarrado a um coqueiro anão no quintal e voltei para dentro. Aquilo era um muquifo tão inimaginável que eu fiquei sem reação e com uma vontade terrível de pegar a estrada e voltar em cima do rastro. Mas a educação faz parte da nossa criação.
Tia Isabel contou que, desde que tio José morrera, ela perdeu o gosto da vida, vive triste, a sorte foi uma sobrinha do seu marido que veio morar com ela. A menina estava nadando, ela nadava sempre pela manhã antes de ir para o trabalho. Eu fiquei imaginando um pequeno dragãozinho, feia, suja, com cara de sapo, o tio José tinha cara de sapo. Mas qual não foi minha surpresa ao ver aquela mulher maravilhosa entrar na sala, segurando, desesperada, a toalha que a cobria, gritando que tinha um monstro no quintal que quase a comera viva. O monstro, no caso, era meu cachorro. Eu não disse que ele não gostava de gatas? Por fim, depois do susto, ela veio nos dar um beijinho, era uma prima que eu não conhecia. Lógico que minha mulher já me olhava de soslaio e me dava leves e delicados beliscões por baixo da mesa. A coisa foi tão afável que quando, depois do almoço, eu me levantei da mesa, minha tia olhou para minhas pernas.
- O que é esse mundo de roxo nas suas pernas?
- Não sei deve ser alergia a gata – insinuei, o que me valeu mais alguns beliscões no jantar.
Como ficamos naquele lixão eu não sei. Até gostaria de agradecer a acolhida da tia Isabel, e deixar um recado a ela.
- Tia Isabel, pelo amor de Deus, limpa essa casa, sua porca.
Não nos demoramos na casa de Tia Isabel, principalmente pela falta de higiene. Se você está rindo é porque não viu como era a casa dela, se tivesse visto choraria.
Saímos da casa de Tia Isabel com destino a Criciúma, onde meu tio Pedro mora. Tio Pedro é casado com tia Honorata (sei que o nome não é muito legal. Mas ali está um pessoal muito bom) Tia Honorata não sabia o que fazia com a gente, eu via a hora dela me pegar no colo e me ninar, de tanta bajulação. Ali eu me senti em casa. Limpinha, suas panelas pareciam espelhos. Só sua comida que não era lá aquelas coisas, mas a boa vontade compensava a sua falta de trato com os temperos. Tio Pedro e eu saíamos a tarde e íamos jogar sinuca e tomar cerveja, enquanto, obviamente, comentávamos as maravilhas femininas que passavam na rua. Cabe lembrar que meu Tio Pedro é poucos anos mais velho do que eu, o que nos dá certo grau de intimidade, muito maior do que com qualquer outro parente. Temos os mesmo gostos, gostamos de cerveja, mulher e mulher, entenda-se que mulher e mulher não é redundância é fixação (Vixi!* Minha mulher veio ler o que eu estava escrevendo, tomei mais uns beliscões. Eu expliquei que isso é só uma ficção, para entreter os meus leitores. Ela disse que os beliscões são mais algumas piadas para tornar a coisa mais engraçada e saiu do escritório dando risada).
Visitamos o Balneário de Rincão e eu acabei por ficar mais roxo. Descobri que o tio Pedro também ficava roxo todas as vezes que passava uma mulher bonita e ele olhava.
Por fim, todo roxo, voltamos para casa, era chegado o fim das férias tão merecidas. O pobre do Marley é que não pôde aproveitar muito, deixou de correr livre no seu quintal para ficar preso num quintal em outro lugar. Que pena! Pelo menos ele mudou de ares.
Bem, meus amigos, estamos de volta ao trabalho. Para quem não tinha vindo ao Blog nessas férias, desejo um Feliz Ano de 2011, que esse seja abençoado para você, para mim e para o nosso grande Brasil.
A partir de hoje retomamos nossas publicações diárias.
Grande beijo a todos e sejam bem-vindos.
* Eu já tinha fininalizado a crônica de hoje, mas quando a li, encontrei aquele bendito "vixi" e fui procurar saber de onde havia surgido isso. Aí encontrei o Dicionário Informal e quase morri de rir ao ler o trecho abaixo.
7. vixeEnviado por Daniel (SP) em 07-12-2009. 2 sim, 1 não Indica espanto.Palavra originada da expressão "Virgem Maria!". Aí conforme o tempo passa, e brasileiro gosta de encurtar para ficar mais fácil, passou a ser dito como: Virgem Maria, Vigi Maria, Vish Mari, Vixi, Vi, V... e assim por diante. Daqui a pouco as pessoas estarão apenas grunindo. vixe! Lasqueira
* Eu já tinha fininalizado a crônica de hoje, mas quando a li, encontrei aquele bendito "vixi" e fui procurar saber de onde havia surgido isso. Aí encontrei o Dicionário Informal e quase morri de rir ao ler o trecho abaixo.
7. vixeEnviado por Daniel (SP) em 07-12-2009. 2 sim, 1 não Indica espanto.Palavra originada da expressão "Virgem Maria!". Aí conforme o tempo passa, e brasileiro gosta de encurtar para ficar mais fácil, passou a ser dito como: Virgem Maria, Vigi Maria, Vish Mari, Vixi, Vi, V... e assim por diante. Daqui a pouco as pessoas estarão apenas grunindo. vixe! Lasqueira
Um comentário:
HSUAHSUHAUSHAUSHUAHSUAHSUA
Vivi, com a definição de "vixi"
P.S.: minha risada não foi uma espécie de grunhido. Só pra constar. O.o
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