Não existe nada mais agradável do que estar com os amigos num boteco, comendo um churrasquinho gaúcho, ao lado de um violeiro, vendo lindas mocinhas de vinte anos desfilando de um lado para o outro, do outro lado da barreira de vidro que nos separa. Houve um tempo em que eu era bom em chamar-lhes atenção e tirar-lhes a roupa, antes mesmo que pudessem dizer “oi”. Por incrível que apreça, eu era bom nisso, poderia ter sido um profissional, garanto que numa competição para ver quem tirava um sutiã mais rapidamente, eu seria capaz de apostar tudo o que tinha (que, a propósito, não era quase nada) contra qualquer um. Eu não sei de onde veio esse dom com as mãos, acho que se eu fosse trombadinha teria me dado bem, pois minhas mãos percorriam levemente a pele sem serem notadas, quando as namoradinhas davam-se conta, estavam nuas. Foi uma boa época aquela. Assim como tantas outras boas épocas, passou, tão depressa que eu nem me dei conta. Agora eu olhava aquelas inúmeras ninfetas sabendo-as impossíveis aos meus dedos leves. E a essa lembrança acumulavam-se outras tantas, das farras regadas a vinho e cerveja, eu era louco, não sei como minha mãe não em internou numa clínica de reabilitação para loucos varridos. E o pior é que eu gostava da minha condição de desequilíbrio mental, se bem que minha mãe dizia que aquilo era, simplesmente, falta de vergonha na cara. Eu só criei juízo quando comecei a namorar a minha atual esposa, ela, como minha mãe fazia questão de frisar, havia me colocado nos eixos.
Homem nenhum presta, dizem muitas mulheres por aí. E a gente pensa, principalmente depois que se casa, que é exceção. Todo homem diz que é, mas ele termina descobrindo que as únicas exceções estão guardados dentro de mosteiros, seminários, ou perdidos no meio do deserto. Homem que é homem não presta. Ah, não, não são todos, só uns 99,999999999%.
O homem sofre de uma tremenda fraqueza pelo sexo feminino. Esse é o seu ponto fraco, o seu calcanhar de Aquiles. E não adianta vir com aquele ditado - quem ama não trai. O homem só não trai quando tem consideração e respeito pela mulher com que está, porque vontade, eu lhes garanto, não falta, e as oportunidades também não. A tentação do mundo... ah! tentação!
Mas quem pode dizer que não se penitencia ao ver aquelas maravilhosas loiras, morenas, ruivas, negras que passam com saias curtíssimas, rebolando, ou distribuindo olhares cheios de segundas e terceiras intenções? É impossível não se sentir tentado, impossível não querer ter um caso extraconjugal ao encontrar uma dessas mulheres, o que acontece diariamente. Por isso o homem deve ser motivo de atenção por parte de suas mulheres, eles precisam de muito carinho, muita atenção e muito sexo, não que o sexo seja tudo, ou que prenda um homem, mas ele é um dos maiores aliados na luta contra a traição.
Mesmo diante dos fatos, mesmo amando e fazendo amor, isso ainda pode não ser suficiente, o homem precisa, também, de liberdade. Quanto mais liberdade têm mais serão fiéis. Veja o meu caso, minha esposa permitir o que quase nenhuma mulher permite, um Dia Livre. E para que serve esse bendito Dia Livre? Para que o homem saiba que ainda existe como homem.
Ao nos reunirmos num boteco buscamos, além de alguns minutos de diversão, um pouco de compreensão, porque o homem, quem o compreende é outro homem. Somente a condição masculina dá a autoridade sobre todos os sofrimentos e lutas pelas quais passamos. Vocês, mulheres, imaginam que ser homem é fácil; engano, não é. Homem é um bicho esquisito, cheio de conflitos, de lutas e de desejos, desejos principalmente. E esse é o maior motivo das separações – a falta de compreensão. Uma mulher, por mais que queira, não consegue entender completamente um homem, assim como o homem não consegue conceber o pensamento feminino, são dois mundos estranhos um ao outro.
Sentado naquele bar eu podia ver que muita coisa na vida havia passado - o tempo de flertar, de ser desejado, de ser engraçadinho. O tempo passou, quinze anos preso ao matrimônio não me tornaram mais entendido sobre as mulheres, mas, sim, mais confuso.
O Cido ria do meu jeito de homem deslocado, perdido. Por mais que tentasse eu sabia que não estava no lugar certo, aquele não era mais o meu mundo. Mas nem por isso eu quis ir embora.
Eu queria reviver um pouco do meu passado, encontrar um pouco de mim naquele lugar, naquela situação. Lembrar-me de todas as “cacas” que eu fiz por causa de bebida ou por causa da própria juventude. E naquele momento eu me encontrava comigo mesmo, com o meu eu de dezoito anos, irresponsável e imaturo, eu queria voltar a ser um jovem louco e rebelde, queria ser o mesmo louco. Lembrei-me de quantas vezes eu estivera ali, naquele mesmo lugar, esperando que a noite caísse por completo para que eu pudesse encontrar-me com essa ou aquela namorada. O passado é sempre tão consolador!
O mais legal é que quando a gente começa a namorar alguém, ou se casa, a sua companheira faz questão de não saber sobre o seu passado. O passado é um monstro, assim como não queremos saber com que homem sua mulher esteve antes de você. Acho que isso cria ciúmes e expectativas erradas a respeito do futuro. Quando um casal começa a falar muito sobre o passado começa a criar uma sombra que nos acompanha a todos os lugares. Casais, não discutam passados, pensem e falem somente em futuro que é o que interessa aos dois. Mas é claro que essa dica eu dou hoje, depois de ter falado muita coisa que não devia à minha mulher, inclusive sobre a Fernandinha.
A Fernandinha foi minha namorada, nós íamos nos casar. Ela era espetacular, bela, sensível, inteligente e muito boa; corpinho violão, olhos azuis, cabelos loiros, pelo menos eram loiros, depois ficaram pretos, ruivos, tornaram a ser loiros e naquele momento eu não fazia a mínima ideia de que cor estavam. Mulheres gostam de radicalizar em suas mudanças e adquirem sempre novos temperamentos em virtude de uma nova aparência, querem sempre parecem diferentes, para ver se os seus companheiros conseguem notá-las, é uma forma de chamar a atenção àquilo que geralmente homem nenhum repara - a sua própria mulher.
Por que o homem é assim, tão desligado dos detalhes que fazem parte do seu dia-a-dia? E homem quando é de reparar muito em detalhes, muitas vezes, não é regra, é desmunhecado, da pá-virada, menino que anda de ré, homem que dá ré no quibe... bem... acho que vocês entenderam. Eu já vi muitos casos como esse, um meu conhecido, era o sucesso entre as mulheres, todas o amavam, achavam-no bonito, simpático, culto e, principalmente, ele entendia as mulheres, sabia ver os detalhes dos cabelos, dos olhos, da pele; resultado - juntou-se a um tal de Jorjão e vivem felizes em algum canto do mundo.
Não vou dizer que homem que entende mulher, que é detalhista, é tudo boiolinha, não. Eu acredito que até exista homem assim, embora eu não conheça, nunca tenha visto um exemplar dessa espécie...
Mas por que eu estava falando sobre ex relacionamentos? Porque, num determinado momento, depois da sexta cerveja, o Cido me cutucou. Eu já estava um pouco aéreo. Ele apontou alguma coisa às minhas costas. Virei-me imaginando que era minha esposa, certamente fiscalizando o meu Dia Livre. Ao me virar, porém, eu a vi. Não era a minha esposa, mas, sim, a Fernandinha. Ela havia se mudado há alguns anos depois de ter se casado com um médico rico e feio. Eu ouvira algumas conversas sobre o seu casamento estar chegando ao fim, mas não dera atenção, aquilo já não me dizia respeito, ela havia passado pela minha vida há muito, não significava mais do que uma lembrança agradável, a lembrança de ter sido um dos poucos sortudos que puderam deslizar pelas curvas do seu corpo.
Eu vivo assistindo a filmes e mais filmes e, muitas vezes, vejo minha vida repetir a arte. Aquele momento era uma dessas cenas de filme em que o galã encara a atriz gostosa, ela o encara de volta suspirando profundamente. Vi o desfecho, um correndo para os braços do outro.
Fernandinha estava linda, maravilhosa e muito mais gostosa do que quando a namorei. Estava acompanhada por sua mãe. Ao notar o meu olhar ela sorriu e acenou com a mão. Fiquei indeciso se retribuía ao cumprimento ou não.
- Ela está acenando para você, seu sem-educação – disse-me o Cido.
E, antes que eu pudesse evitar, minhas mãos chacoalharam no ar em resposta. Aquilo não podia terminar bem, é claro.
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Por falar em Loira assista a esse vídeo. Olha o que faz essa loira
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