Meu livro “Os Normais de Greenwich”, publicado pela Editora Clube de Autores, conta várias estórias bem-humoradas sobre diversos aspectos da vida cotidiana e social. Dizer que a inspiração não partiu de Oscar Bressane, seria uma mentira. Meus personagens são baseados em pessoas de carne e ossos.
A ideia de Os Normais de Greenwich, surgiu há mais de dez anos, e não posso deixar de dizer que com a colaboração de um grande amigo, Willian Yoshimi ( o Keni). Com o passar dos anos, o livro amadureceu e tomou uma forma mais concreta.
Os Normais de Greenwich é um livro de contos. Reúne várias estórias engraçadas, sobre meus personagens um tanto que, como posso dizer, um pouco fora do Normal. É uma crítica à sociedade moderna e, ao mesmo tempo, aos costumes antiquados que nos acompanham sempre.
Escrever Os Normais de Greenwich foi uma experiência um tanto que engraçada. Ao longo do tempo pude ver os personagens crescerem, amadurecerem e se alienarem. A ideia do título é uma reflexão. Por que Normais de Greenwich? Greenwich refere-se ao Meridiano que divide o nosso planeta em meriano ocidental e meridiano oriental. Uma linha imaginária que divide dois mundos bem diferentes e, até poderia dizer, divergentes. Então, um normal de Greenwich, seria a pessoa sobre uma linha imaginária que divide a lucidez da loucura, ou seja, um pé lá e outro cá, não estão no hospício, mas tampouco são exemplos de sobriedade.
Assim começa o conto que deu o título ao livro
Os Normais de Greenwich
Seis e meia da manhã. Neblina. Carros acordavam para o trânsito. Ruas renasciam. Homens, mulheres. Um mendigo ajeitava as folhas de jornais sobre o corpo para esticar o sono. Leve cheiro de café com pão. Um ônibus pela rua. As fábricas ainda adormecidas. Caminhões, os vidros baços, folgavam das longas jornadas. Algumas portas vizinhas bocejavam.
Naquele dia, José acordara mais cedo, nem tomara seu leite, nem comera seu pão e já estava diante dos portões da empresa onde trabalhava, respiração ofegante, olheiras, o peso da noite mal dormida. Trinta e cinco anos, dois filhos, uma noite no Municipal e fé no país. Homem de pulso firme e bolsos vazios. Na juventude sonhava em ser o Salvador da República, mas a democrática desigualdade social sufocou seu sonho. Precisou perder o emprego, a mulher, os seus filhos, para que todo aquele sonho patriótico ardesse novamente. Seria aquele o dia decisivo. Sorriu, um sorriso amargurado, estrangulado pela tristeza, pelas lembranças. Os altos portões da fábrica, saltou-os. Ouviu latidos, antecipou-se aos cães e serviu-lhes um banquete de carnes, depois, ganhou um corredor lateral, passos rápidos, sabia que o vigia estaria no lado oposto do terreno e não o veria. Diante do imenso galpão, parou, observou, buscou a escada, preparada no dia anterior. Em poucos minutos andava sobre o frio telhado de zinco.
Trecho do conto O Debate
Faltavam cinco dias para as Eleições Municipais. Os dois maiores e únicos partidos da cidade estavam diante de um empate técnico. A população não sabia em que barco pular, pois temiam as represálias do adversário. Não havia bandeiras nas portas da casa, não havia respostas para as pesquisas e eventualmente alguém se comprometia com um partido, quando isso acontecia era em troca de algum grande benefício prometido pelo futuro prefeito. Reginaldo e Godofredo já não contavam mais com dinheiro para a compra de votos, não conseguiam mais inventar promessas, todos os cargos, até os inimagináveis, tinham sido prometidos, não podiam cair em contradição às vésperas da Eleição. Ninguém mais sabia o que fazer para mudar os resultados. Godofredo Arcângelo, candidato da direita, um gordo, barbudo, levemente manco da perna esquerda, reuniu o partido em sua casa para discutirem uma solução.
- Precisamos fazer um comício – disse Godofredo.
Trecho de Menino e o Monstro
Mas o menino de seis anos, que se chama Pedro, parece não ter sentindo o medo. Ele, assim como sua mãe e como todos na agência, à exceção dos palhaços, estão com o rostos colados ao chão. Pedrinho vê o medo estampado no rosto da mãe, é como se ela estivesse vendo monstros, os mesmos monstros que assolam o mundo dos Power Rangers. Os palhaços devem ser alienígenas, pensa ele, alienígena é qualquer ser mal. Lembra-se de seu Tio Carlos, o mesmo que lhe dera a bolinha de gude, dizendo-lhe que a bolinha era mágica. Ele sabe o que é magia, sabe que aquela bolinha tem poderes que outras bolinhas iguais não têm. Pedrinho ergue a cabeça, olha o palhaço a sua frente, e, num impulso, levanta-se. Corre ao encontro dele. Para a um passo, encara-o, curioso. O menino atira a sua bolinha mágica contra o palhaço. É incrível a mira certeira! A bolinha acerta o olho do palhaço que instintivamente leva a mão ao olho machucado enquanto com o outro, vê o garoto acertar-lhe chutes e mais chutes.
Compre agora
Os Normais de Greenwich
e deem boas risadas.
Os Normais de Greenwich , de Valdir Bressane é garantia de risos e boa leitura.
Compre o seu exemplar agora
vária opções de cartões de créditos
e entrega garantida.
Compre o seu exemplar agora
vária opções de cartões de créditos
e entrega garantida.
2 comentários:
Parece ser bem legal \o/
Curiosa em conhecer o seu trabalho, breve vou procurar adquiri-los. Sorte para você, nesta difícil carreira literária.
E força para nós.
Abraços.
Janduí Macedo.
Postar um comentário