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TV, TV, TV, TV e TV. Para que viver?
TV, TV, TV, TV e TV. Sentado, deitado, plantando bananeira,
TV, TV, TV, TV e TV. Segunda à segunda,
TV, TV, TV, TV e TV. A mulher deitada, nua, reclama por amor. O marido na sala, nem ouve,
TV, TV, TV, TV e TV. A criança chora. A mãe não consola.
TV, TV, TV, TV e TV. A criança não estuda.
TV, TV, TV, TV e TV. A vida não vivida.
TV, TV, TV, TV e TV. A casa em chamas. Labaredas gigantescas. Gatos escaldados. Tudo cinza. Deus Mio, cadê a TV?
(O bombeiro, anjo sem asas, revira os escombros à procura de vida. Sabe, um movimento em falso, pode destruir uma vida que ainda palpita.
A grande Casa Azul da Rua das Comunicações, alvo da inveja alheia, completa e irrecuperavelmente destruída. Até o papagaio desbocado que vivia a insultar os transeuntes, assou, o que, para muitos, foi uma alegria.
O anjo sem asas, sujo, suado, mal pago. Pobre coitado! Revira daqui e dali. Tudo cheira à morte e churrasco. Curiosos observam, parece um filme. O silêncio lembra os filmes de terror. Súbito o bombeiro grita, eufórico, quase contente: Vejam o que encontrei!
Suas ações, então, se transformam no centro das atenções. Outros homens ajudam-no na remoção dos escombros. O tempo para. O sol deixa de queimar a pele dos curiosos. No chão, estático, prostrado à desgraça, um cadáver irreconhecível. Que horrível! Que vontade de comer carne! Em completo desespero morrera agarrado à TV. Todos mudos, contemplam a cena grotesca.
O bombeiro, vigilante, atencioso, encontra entre os ossos da mão fechada, um pedaço de papel que milagrosamente escapara a fúria do incêndio. Teria alguma coisa escrita? O quê? A emoção é enorme. Suor. Aflição. Todos silenciam aguardando o desfecho. O bombeiro desdobra o papel e lê em voz alta:
Por favor, salvem a TV!!!) Salvem a TV!!! TV, TV, TV, TV, TV e TV)
Acorda, escravo! Te vê ! Te Vê ! Te vê!
Obs: Te vê – significa liberdade poética, cagada gramática e pedido de perdão aos estudiosos entendidos da nossa língua.
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