Honório estava possesso, era nítido o seu descontrole quando pegou o menino pelo braço. Estávamos todos num churrasco, à beira da piscina, e ele estava pensando que seu filho deveria se contentar em ouvir os comentários sobre a nova estagiária gostosa na empresa. O detalhe é que Jairo, seu filho, tem apenas cinco anos de idade e só usa o pipi para urinar, então, resolveu encontrar um brinco que lhe agradasse mais e foi fuçar, justamente como toda criança, onde não devia, nas coisas de Dona Katarina, a mãe de Alcides, o anfitrião do churrasco. Dona Katarina, educadamente pediu ao menino que não mexesse no armário. Honório ao ouvir aquilo mudou, perdeu a cor e avançou sobre o garoto às tapas. Todos ficamos perplexos com a brutalidade do pai que literalmente socou o menino indefeso. Depois disso, veio o choro e palavras entrecortadas pelos soluços do garoto pedindo, pelo amor de Deus, para que o pai parasse de espancá-lo. Senti meu coração apertado e, como bom cristão, tentei intervir em defesa do garoto. Pus a mão sobre o ombro de Honório claramente querendo dizer que bastava, que aquilo já servira de lição ao garoto, era nítido que ninguém estava apreciando aquela agressão. Mas para meu espanto, Honório olhou-me com um olhar demoníaco e me empurrou.
- O filho é meu, educo-o como eu quiser. Não se meta.
Tive que sair de perto senão iria acabar comprando a fúria do pai. E tive de presenciar a cena de um pai descontrolado querendo domesticar o filho na pancada. Não demorou a tirar sangue do nariz do menino, depois, acho que já cansado de bater, ou voltando a si, parou, encarou-nos a todos:
- Onde nós estávamos? - voltando-se uma última vez para o garoto – Jairo, quero ver você sentado naquela cadeira até a hora da gente ir embora e sem um pio, se eu vir você mexendo um músculo, nós vamos para casa e lá eu vou lhe ensinar a se comportar.
O menino sentou na cadeira indicada, choroso e ficou praticamente como uma estátua o restante do tempo. Quando Honório despediu-se o garoto acompanhou-o como um cachorrinho obediente. Isso tudo me fez lembrar de que há uma proposta de uma nova lei contra a violência infantil. Tenho ouvido, aos baldes, muitos e muitos comentários sobre ela. Para alguns a lei é vista com bons olhos, afinal, entendem que filho não se educa com violência; para outros, um absurdo, um pai não poder bater no próprio filho para educá-lo. E fica um impasse. Para mim, acho que toda a criança deve ser educada da forma que os pais querem, é lógico que alguns pais, como o Honório, não educam, espancam, mas tem aqueles pais que sabem usar um bom chinelo para conseguir que seus filhos obedeçam e se tornem boas pessoas.
Quem nunca apanhou de seus pais que levante a mão. Não existe aquele que não tenha apanhado em sua infância. Eu mesmo apanhei e hoje, vendo a pessoa em que meus pais me transformaram, só posso agradecer por cada uma das palmadas e cintadas. Vejo as crianças de hoje que não tem respeito algum por ninguém, os pais não batem, ficam naquela lenga-lenga – Menino pare com isso, respeita os outros. E a criança continua com a mesma falta de educação de antes, e cada dia torna-se pior, até o momento em que as pessoas deixam de convidar os pais para virem visitá-los porque não suportam aquele seu filho “mexelão”, “fução”, sem-educação e muitos ãos negativos. Ninguém gosta de ter a sua volta criança sem educação e educação, para mim, só vem com umas boas palmadas na bunda. Os excessos devem realmente ser punidos, mas a boa surra educacional não pode de forma alguma ser banida.
O pai descobre que o filho roubou alguma coisa de algum amiguinho da escola, ao invés de uma boa surra, ele manda o garoto para o quarto, ficar sem televisão por uma semana e tudo bem. Quando eu era criança, se meu pai estivesse conversando com alguém e eu me intrometesse, ah! podia esperar que, depois que a visita fosse embora, a casa caia sobre a minha cabeça. Palavrão não saia de minha boca, o primeiro deles me rendeu uma tapa tão bem dada por minha mãe que nunca mais pensei em tentar o segundo; se eu dissesse aos meus pais metade das coisas que a gente vê as crianças dizendo aos seus pais hoje, acho que eu teria morrido na pancada. Mas, com tudo isso, posso dizer que sou o que sou porque meus pais me deram educação, se apanhei tenho a certeza de que foi por méritos só meus e não porque meus pais gostavam de espancar o filho. Os pais têm que bater sim, uma boa surra nunca matou ninguém e para os bons cristãos que acham isso ilegal, devo dizer que o próprio Deus, o todo poderoso que dita as regras, já havia dito
"Aquele que poupa a vara odeia seu filho, mas aquele que o ama tem o cuidado de discipliná-lo". (Provérbios 13:24 NVI)
"É natural que as crianças façam tolices, mas a correção as ensinará a se comportarem." (Provérbios 22:15 NTLH)
"A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela". (Provérbios 22:15 NVI)
"Não deixe de corrigir a criança. Umas palmadas não a matarão. Para dizer a verdade, poderão até livrá-la da morte". (Provérbios 23:13-14 NTLH)
"É bom corrigir e disciplinar a criança. Quando todas as suas vontades são feitas, ela acaba fazendo a sua mãe passar vergonha". (Provérbios 29:15 NTLH)
"A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe". (Provérbios 29:15 RA)
"Corrija os seus filhos enquanto eles têm idade para aprender; mas não os mate de pancadas". (Provérbios 19:18 NTLH)
Valdir Bressane
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