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domingo, 18 de outubro de 2020

Almas Gêmeas - uma história quase romântica 2





- Eu só vou ao banheiro.
- Qual o seu nome?
- Por quê?
- Ora. Eu não sei o seu nome? Como podemos namorar se não sei o seu nome? Posso te chamar de Jack? Você será o Jack e eu a Rose, meu nome é Rosângela, então não vai ser tão fora assim.
- Você é louca! Estou indo
- Não. Você não falou isso.
- Falei sim.
- Não, não falou.
- Já não disse que falei. Adeus. Fui.
- Você não pode me abandonar assim.
- Mal nos conhecemos.
- E quanto aos nossos filhos?
- Que filhos?
- Os que nos teríamos. O Hugo e a Scarlet.
- Você tem problema.
- Não, não tenho. Teríamos dois filhos. O Hugo teria os seus olhos... que cor são os seus olhos? Verdes?
- Não, castanho-claros.
- Então, o Hugo teria os seus olhos e a Scarlet os meus cabelos, pena que não iria ser lisos, eu fiz progressiva, será que puxa?
- Absolutamente, você é maluca. Tchau.
Levantei-me e sai correndo como um louco pelo shopping. Pude ouvir alguém gritando. Pensei que era ela, depois entendi que não pagara a conta. Outro dia eu voltaria e pagaria, mas naquele momento a única coisa a fazer era correr. E foi o que fiz. Corri como corre um fugitivo da Polícia. Entrei no meu velho Passat, liguei, acelerei e deixei para trás toda aquela loucura. Enquanto meu carro deslizava pelo asfalto, prometi a mim mesmo, nunca mais tentar encontrar alguém num shopping, lá parece que só tem gente louca. Acelerei e logo cheguei em casa. Tirei a roupa, joguei-a num canto, vesti um short, liguei a televisão e desliguei. Fui me deitar. Precisava dormir. O celular tocou. Era ela, pude deduzir pelo número. Não atendi. Ela desligou e tornou a ligar dois minutos depois. Desliguei o celular e adormeci. Não me lembro se tive algum pesadelo naquela noite, mas certamente devo ter tido.
No dia seguinte eu ria da situação. Que coisa mais insólita! Nunca pudera nem ao menos imaginar algo como aquilo. Arrumei-me, entrei no Passat e fui trabalhar. Pelo caminho eu ria. Não conseguia assimilar toda aquela história. Entrei no estacionamento da empresa. Mal cruzei a porta e Dona Marta, a secretária do Doutor Matheus, meu patrão, chamou-me.
- O Doutor Matheus está esperando-o em seu escritório.
- Agora?
- Sim.
Que droga! Em plena manhã de segunda-feira uma conversinha matutina com patrão não é coisa boa. Bati na porta do escritório dele. Ele estava rindo lá dentro. Menos mal. 
- Entre – gritou ele.
Abri a porta e quando meus olhos conseguiram discernir o que estava dentro da sala quase desmaio. Não pude acreditar.
- Bom dia, Jack - disse o Doutor Matheus aos risos.
A sua frente lá estava ela. Sorria, levantou-se e veio me beijar. Quando senti os seus lábios de encontro aos meus, juro, quase a empurro de volta à cadeira.
- Por que você não nos disse que estava ficando noivo, Jack? Sorte nossa é a Rose que veio nos convidar.
Aquilo foi demais! Agarrei a Rose pelo braço, puxei-a para um canto.
- Você é louca ou o quê? Isso é alguma piada? Saia daqui agora e juro que se eu te vir mais uma vez em minha frente eu vou perder a cabeça.
- Mas você não me pode pôr assim para fora de sua vida...
- Você nunca esteve em minha vida.
Ela começou a chorar. Chorou alto. O riso abandonou o rosto de meu patrão. Todo mundo no escritório parou o que estava fazendo para prestar atenção ao que estava acontecendo dentro do escritório. Rose, então, saiu correndo porta a fora. Meu patrão aproximou-se.
- Olha, Rodolfo, não gosto de me meter na vida de ninguém, mas acho que você foi muito duro com sua futura noiva...
- Ela não é minha noiva, nem esposa, nem namorada, nem porcaria alguma. Conheci essa louca ontem no shopping e ela já está achando que... bom deixa para lá.... se ela aparecer aqui novamente chame a Polícia.
Voltei ao trabalho e durante todo aquele dia não consegui trabalhar direito, pensando em como aquela louca havia me encontrado. Uma coisa era certa, se ela tinha descoberto onde eu trabalhava, descobriria, logo, onde eu morava. E quando cheguei em casa naquela noite, entrei com medo de a encontrar deitada no meu sofá, assistindo TV e fingindo que era minha esposa. Mas ao abrir a porta de minha casa, não encontrei ninguém, estava tudo como eu deixara pela manhã. Aliviado, entrei, esquentei minha comida, jantei, tomei banho, depois me sentei diante da TV e fiquei jiboiando. O celular não tocou naquela noite e eu fui para cama tarde, depois de ter dormido muito no sofá.
No dia seguinte cheguei ao escritório temeroso. Mas não encontrei nenhuma surpresa.
Assim os dias se passaram e nada mais de encontrar a Rose. Ela deveria ter notado que não tínhamos nada em comum, portanto não tinha porque aquela louca ficar me seguindo querendo ser o que não era. Ali, certamente acabava a história de minha alma gêmea que na verdade não era gêmea coisa alguma. Eu poderia ter terminado minha história com direito a lição de moral e tudo o mais. Mas a história não acabou aí, infelizmente.
 
Ainda não acabou.
Amanhã tem mais 
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