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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Falando sobre gente feia... As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental

Vinícius de Morais já dizia e com toda a razão – As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental. E como é. Uma amiga minha dizia sempre que a beleza era simplesmente um conceito. Conceito um caramba! Beleza é prioridade. Quem gosta de gente feia é cirurgião plástico.
Quem me vê falando assim e não me conhece pode pensar que sou um Brad Pitt. Na fila da distribuição da beleza quase cheguei por último. Acho que não sobrou muita coisa para mim. Não que eu seja aquele tipo “Nossa que homem feio!”, mas, absolutamente, bonito é que não sou. Mas vivo feliz! Eu casei. Talvez o fato de minha esposa ter uns bons graus de miopia tenha ajudado bastante. Mas já não dizia aquele ditado “quem ama o feio, bonito lhe parece”? Eu tive sorte.
Um amigo meu casou, feio também, só andava com gente feia e casou. Você já notou que gente feia anda junto, em bandos! Às vezes, raramente tem um bonito num grupo de feio. E quando tem, ele está lá querendo se aparecer. Eu mesmo adorava andar com gente feia, assim eu parecia bonito. Isso era publicidade enganosa.
Mas, sim, sobre o meu amigo feio, um dia ele desapareceu. Pensamos que ele tivesse sido recolhido por alguma instituição que cuida de gente feia. Mas não. Uma bela noite ele reapareceu, feio ainda, mas havia nele algo que não conseguíamos entender, ele vinha acompanhado por uma mulher. Nós estávamos reunidos numa lanchonete. Aquele bando de gente feia conversando, rindo e se divertindo como se fôssemos bonitos. Ele apareceu quase como uma assombração ao lado de uma loira de 1,70 m, seios rijos, pernas torneadas, barriga tanquinho e, o que era mais impressionante, bonita, linda, super gata. Todos ficaram mudos, chocados, pasmos, assustados. Como era possível? Esse meu amigo feio era tão feio, tão feio, que se olhasse no espelho antes de ir dormir ele tinha pesadelo. O mais impressionante é que ele não tinha aonde cair morto, sim, porque, às vezes, tem gente feia que consegue alguma coisa porque tem talento e dinheiro, mas ele não. Ele era feio, burro, ignorante e pobre. O que uma mulher como aquela fazia ao lado de um cara como aquele? Eu imaginei prontamente – Isso é macumba. Só pode, não existe outra explicação! Ou então ele estava pagando àquela mulher para desfilar ao lado dele, para ver se atraia alguma coisa. Era isso, só podia ser, não havia outra explicação.
- Galera , essa é a Tânia.
- Prazer, Tânia- dissemos todos, quase ao mesmo tempo. – Sente-se conosco – convidei simpático.
Acho que isso não fazia parte dos planos do Bruno, Bruno era o nome do meu amigo feiinho. Ela, desinibida, aceitou o convite e sentou-se já puxando um copo para o seu lado e enchendo-o de cerveja. Era isso, então, ela deveria estar saindo de uma clínica de reabilitação de alcoólatras, a solidão e o isolamento a fizeram ficar carente, desprovida de sentido lógico e, principalmente, fez com que perdesse o tato para o belo. Ela tinha que ter problemas sérios como ser uma cleptomaníaca, uma ninfomaníaca, uma doida cheia de manias. Ela não era e não podia ser normal.
- Tânia, faz tempo que você saiu o hospício? – perguntei descontraído.
A cara que ela fez era a mesma daqueles monstrinhos do Cine Trash. Foi horrível! Acho que se ela tivesse um revólver na mão eu teria sido fuzilado ali mesmo, sem piedade e sem direito a um último desejo. Percebi, na hora, que eu havia transposto uma barreira realmente muito frágil. Seus olhos lampejaram, sua boca se crispou. Ela olhou para o Bruno, depois para mim novamente. Eu pude vê-la pulando sobre aquela mesa como uma louca, grudando-me pelo pescoço numa tentativa insana de estrangular-me. Mas ela não fez isso. Ficou me encarando como se procurasse uma resposta. Ela iria dar-me uma resposta. Mas não deu. Bruno foi quem nos encarou e disse quase que derrotado.
- Gente, a Tânia é muda. Ela não fala – tentou ser claro.
Eu sabia, ela tinha que ter algo de errado. Era muda! Uma coisa que eu aprendi na vida, nunca tenha preconceito com ninguém, e nunca demonstre compaixão a alguém só por causa de algo fora do normal, por causa de uma deficiência. Eu sorri fingindo que aquilo era algo super normal.
- Pelo menos você nunca vai ouvi-la reclamar – disse eu rindo.
Ri sozinho. Todo mundo me encarou e eu me senti pequenininho. Que bola fora. O que eu fui dizer? A Tânia, aí sim, pulou sobre a mesa e me grudou pelo pescoço. Senti que aquilo parecia uma luta de filme, ensaiada. Mas ela apertava meu pescoço com uma força e vontade fora do comum. Vi o Bruno colocar a mão sobre a dela e eu não entendi se para me salvar ou para ajudá-la a me estrangular mais rápido. Senti o ar me faltar enquanto a ouvia querendo gritar.
- Humhumumhum...
Alguém conseguiu fazer com que soltassem meu pescoço. Eu certamente já estava ficando roxo, sem ar. Eu sempre tive essa maravilhosa capacidade de dizer a coisa errada na hora errada para a pessoa errada. Enquanto passava a mão em meu pescoço eu encarava, horrorizado, aquela mulher.
- Foi uma brincadeira.
- Humhumhum... – esse último humhumhum era o mesmo que muitos palavrões que eu conheço. Depois ela me mostrou o dedo e atirou o copo de cerveja em minha cabeça. Ainda bem que  era ruim de mira.
O Bruno xingou minha mãe, xingou minha avó e os filhos que eu ainda não tinha. Não entendi porque tanta agressividade? Mas eu não perco o humor.
- Bruno, não se case com ela, ela nunca dirá sim para você no altar.
A Tânia jogou uma garrafa de cerveja em minha cabeça, passou de raspão. Eu sai correndo antes que eles me pegassem novamente.Tudo bem, entendo que eu sou idiota. No fim das contas, deu tudo certo. Com o passar dos anos eles me perdoaram, até me convidaram para padrinho de casamento. À saída do casamento, eu os abracei.
- Bruno, você só se casou com ela porque ela não podia dizer não.

As pessoas mais feias do mundo
E eu que pensei que eu era feio. Veja isso.  



Mundo Curioso


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Um comentário:

Mulher ao Cubo disse...

Valdir, obrigado pelo comentário e elogio! Acho que muitas vezes o que impede os comentários é a preguiça mesmo...sei lá...é o tipo de coisa que se descobrirmos o segredo, podemos até pensar em ganhar algum, explicando por aí...Quanto ao texto, pode ter certeza: não é tão difícil ver uma mulher linda com um cara feio. Já o contrário...

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